O futuro da medicina, e da liderança, constrói-se na ligação entre áreas, pessoas e propósitos. O progresso não nasce da competição, mas da colaboração.
Quantas vezes o mercado vos disse “isso não vai resultar”, e ainda assim avançaram? Quantas vezes sentiram que estavam a caminhar à frente do tempo, movidos por uma intuição que a lógica ainda não conseguia explicar?
É assim que começam as verdadeiras transformações: quando alguém tem coragem de fazer diferente antes de ser óbvio.
A medicina dentária está a viver esse momento.
Durante demasiado tempo, foi vista como uma disciplina isolada, uma espécie de ilha clínica, focada em dentes, gengivas e estética. Hoje, a ciência está finalmente a construir pontes.
Percebe-se cada vez mais que a boca é parte integrante de um sistema complexo e que compreender essa ligação é essencial para tratar melhor as pessoas.
Sabemos que a inflamação oral pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, que o bruxismo está ligado à qualidade do sono e ao stress, que desequilíbrios no microbioma oral influenciam a imunidade e o metabolismo.
Assim a boca hoje é vista como uma porta de entrada da saúde e longevidade, um espelho fiel do que se passa no resto do corpo. É um lugar privilegiado de observação e prevenção, onde se podem detetar desequilíbrios antes de causarem doença.
Vivemos numa era muito entusiasmante para a saúde oral. Os avanços tecnológicos, scanners 3D, planeamento digital, inteligência artificial, abriram possibilidades clínicas que há uma década pareceriam ficção científica.
Mas, mais do que deslumbramento técnico, o que me fascina é o seu potencial de ligação: a forma como estas ferramentas nos permitem compreender o corpo de forma integrada e comunicar com mais clareza e empatia.
A verdadeira inovação, acredito, não é apenas científica, é humana.
É esta visão que orienta o trabalho da equipa que lidero: integrar a medicina dentária com áreas como a nutrição, o sono, a medicina sistémica e o bem-estar emocional. Não para reclamar centralidade, mas para participar num diálogo multidisciplinar que beneficia o todo, porque a saúde, tal como o futuro das empresas e do planeta, não se constrói a partir da competição, mas da colaboração.
O verdadeiro progresso nasce quando cada especialidade, cada profissional e cada organização reconhece o seu valor e, ao mesmo tempo, a sua interdependência.
Nós não somos mais importantes do que o resto do sistema médico, mas também não podemos ser postos de parte, porque quando uma peça é excluída, perde o todo: perde a saúde, perde a longevidade, perdemos todos.
O futuro da medicina, e da liderança, será aquele em que voltarmos a agir como um organismo vivo: interligado, cooperante e consciente de que só juntos somos capazes de curar.
