Acabado de chegar, eis um pacote de novidades que chamou a atenção da Líder. Desde logo, Aprenda a Ser Carismático, de Olivia Fox Cabane (Casa das Letras), originalmente de 2012. Como o nome indica, este livro discute o modo como o carisma pode ser treinado e aprendido.
Ou seja, mais que um magnetismo inato, dir-se-ia genético, a autora mostra o carisma como competência que emerge com várias faces. Uma leitura muito interessante pelo que revela deste misterioso processo.
Nos antípodas do carisma encontra-se a noção do líder como servidor, tema tratado em A Grandeza de Servir, de Pedro Abreu Rodrigues (Lisbon International Press). Trata-se, sobretudo, de um relato sobre as aprendizagens pessoais de quem também nos serve através da escrita.
Essas expressões de serviço e de carisma podem também ser reencontradas em Os Presidentes, a Política e os Media (Dom Quixote), de Francisco Rui Cádima, da Universidade Nova de Lisboa. O autor, especialista no fenómeno mediático, explora a relação entre os Presidentes da República e os Media. Além de cinco capítulos “presidenciais”, inclui um posfácio que todos devíamos ler para melhor compreender como os media influenciam a maior ou menor qualidade das nossas democracias.
Celebre-se também a chegada de Sexta-feira é o Novo Sábado, de Pedro Gomes (Relógio d’Água). Professor na Universidade de Londres, o autor coloca-nos no cerne de uma das mais importantes discussões contemporâneas sobre o mundo do trabalho: a semana dos quatro dias. Para nos informamos e tomarmos melhores decisões, este é um livro importante. Se as ideias mudam o Mundo, como diz uma das epígrafes escolhidas pelo autor, este é um livro de ideias para lá das ideias feitas. Como afirma Pedro Gomes, um colega diz-lhe que trabalhou seis dias por semana a escrever sobre a semana dos quatro dias. Ou seja, a semana dos quatro dias tem muito que ver com escolha, num tempo em que as escolhas de hoje vão moldar os contextos do futuro.
Outro tema na ordem do dia é o tratado por A Natureza das Teorias da Conspiração, de Michael Butter (Desassossego), da Universidade de Tubingen. Na verdade, não há dia em que não sejamos confrontados com alguma alegada maquinação. Neste trabalho, o autor ajuda-nos a compreender a natureza destas ideias e o modo como têm beneficiado com os novos Media. Deixa pistas para as combater. Por exemplo, não apelidar os adeptos de teorias de conspiração de paranoicos. Quanto mais não seja, digo eu baseado em alguém que percebia destas coisas, porque até os paranoicos têm os seus inimigos.
Termino com dois outros personagens que têm marcado os últimos tempos: Albert Bourla, CEO da Pfizer, que editou Como Fazer o Impossível (Lua de Papel). Este é o relato pessoal de um dos decisores-chave no desenvolvimento de uma vacina contra a COVID. A luta ainda não acabou, o que confere atualidade a esta leitura sobre um projeto científico que ficará na história.
Nos media andou também um militar controverso cuja vida fica contada em O fenómeno Marcelino da Mata: O herói, o vilão e a história, de Nuno Gonçalo Poças (Casa das Letras). A morte deste antigo combatente levantou uma enorme polémica. Esta obra, perturbadora desde o começo, vem contar a história com o desejo de permitir ir além da afirmação bombástica para os jornais. Se os media se fascinam com o episódico e o controverso, este livro cria oportunidade para um debate mais sereno sobre a guerra vista por um participante extraordinário – no sentido de único. Se se tratou de um herói ou de um vilão, cada um que faça a sua escolha.
Este artigo foi publicado na edição de verão da revista Líder. Subscreva a Líder AQUI.