Globalmente, existem 38% de mulheres em lugares de topo na Saúde, área em que 75% da força total de trabalho é feminina. Portugal é também o espelho desta realidade díspar.
O Movimento Life – Liderança no Feminino na Saúde visa a mudança de comportamentos e ações que contribuam para uma maior paridade na liderança no sector da Saúde.
Com base numa análise elaborada pela Faces de Eva: Estudos sobre a Mulher/CICS.NOVA (NOVA FCSH), cerca de 30 Embaixadoras do Movimento juntaram-se em Lisboa para debater as principais conclusões e partilhar recomendações para o setor. Pretende-se a médio e longo prazo, caminhar para uma sensibilização das desigualdades na saúde das mulheres, em prol de uma saúde melhor para todos.
Panorama global das mulheres em cargos de liderança
Apesar de a área da saúde ser predominantemente feminina, com as mulheres a representarem 75% do total da força de trabalho, pouco mais de um terço ocupa cargos de liderança.
Em Portugal, apenas 7% dos CEO das maiores empresas são mulheres e há cerca de 21% de mulheres reitoras e presidentes nas instituições do Ensino Superior em Portugal.
Segundo o Movimento LIFE, às barreiras no acesso a carreiras de topo e cargos de decisão, junta-se ainda a falta de literacia, de políticas de igualdade de género ou de medidas de tolerância zero para bullying e assédio moral e sexual no local de trabalho.
De acordo com a iniciativa, Portugal precisa de ter dados concretos da representatividade das mulheres em lugares de liderança na Saúde. Nesse sentido, o Movimento vai realizar um estudo sobre igualdade de género nas novas gerações que trabalham no setor da Saúde em Portugal, envolvendo mulheres e homens.
Recomendações
Estas são as medidas que as 30 mulheres de várias gerações com experiência de liderança na Saúde, Embaixadoras do Movimento LIFE, apresentaram na sequência de uma primeira reflexão:
- A educação é a chave para uma paridade efetiva: é necessário promover a literacia, educação e formação em direitos humanos e igualdade de género, desde a escola primária até às universidades;
- O Governo deve integrar a perspetiva de género em todas as suas políticas, na administração pública, nos orçamentos do Estado e na gestão financeira;
- As empresas devem definir métricas de diversidade e inclusão, fazendo a sua constante avaliação e divulgando-as publicamente;
- É urgente instituir medidas de tolerância zero para bullying e assédio moral e sexual no local de trabalho;
- É necessário criar programas de mentoria e de empoderamento das mulheres, promovendo redes de apoio, formal e informal, e programas destinados acompanhamento individual;
- É fundamental dar visibilidade pública às mulheres e à temática das desigualdades de género.
A igualdade de género é um assunto que tem de importar a todos: mulheres e homens. Importa a toda a Sociedade debater este tema para concretizar ações que mudem o panorama da desigualdade de género. Porque equipas de liderança diversificadas tornam melhor as organizações
Cláudia Ricardo, co-fundadora do Movimento LIFE – Liderança no Feminino na Saúde
A ‘questão das mulheres’ mantém toda a atualidade e pertinência nos dias de hoje e deve ser integrada num contexto mais vasto de Direitos Humanos. Apesar de um caminho e evolução inegáveis, ainda há tentativa de silenciamento ou apagamento, ainda há condicionamentos vários, por vezes bem subtis. Os contornos são mais ou menos nítidos, mas não perdeu qualquer atualidade
Isabel Henriques de Jesus, co-fundadora do Movimento LIFE – Liderança no Feminino na Saúde



