O início do ano teve um arranque positivo no que toca a perspetivas saudáveis de criação de emprego, sendo que, no prognóstico do segundo trimestre, 44% dos empregadores nacionais esperavam aumentar as contratações, e apenas 15% validava diminuir a sua força de trabalho. Estes são algumas das conclusões apresentadas pelo ManpowerGroup no seu relatório “ManpowerGroup Employment Outlook Survey” do segundo trimestre de 2022, conduzido através de entrevistas a 504 empregadores ao longo do mês de janeiro.
Embora as perspetivas, no seu global, sejam positivas, os resultados não refletem os impactos do conflito na Ucrânia. Rui Teixeira, Chief Operations Officer do ManpowerGroup Portugal, revela que, nesta análise pré-conflito, “o sentimento dos empregadores era muito positivo”, ressaltando que, apesar de já serem visíveis desequilíbrios nas cadeias de abastecimento e da pressão inflacionista, tanto em Portugal como os seus principais parceiros económicos, conseguiam perspetivar um desenvolvimento da atividade e necessidades de talentos, resultante do levantamento das medidas de combate à pandemia.
Os conflitos vieram agravar os sinais de incerteza. O Banco Central Europeu já veio a confirmar a subida da inflação e a redução do PIB da zona Euro. Rui Teixeira prevê que as políticas a visar o limite dos impactos nos setores mais vulneráveis aos preços dos combustíveis, matérias-primas e energia, sejam capazes de aliviar os seus efeitos na economia e na criação de postos de trabalho.
Eis algumas das conclusões do relatório:
Planos de contratação mais ambiciosos em todos os setores industriais
A nível global e independentemente do setor, incluído os mais afetados pelas medidas de contingência, os empregadores portugueses esperavam expandir as suas equipas durante os próximos três meses. No caso do setor da Hotelaria e Restauração, regista-se uma projeção de +43% no crescimento nas contratações. Já no Comércio Grossista e retalhista, também gravemente afetado pela pandemia, regista uma subida de um ponto percentual, numa projeção de +37%.
Por outro lado, o setor da Banca, Finanças, Imobiliário e Seguros, apresenta uma projeção de +25%, caía 23 pontos percentuais comparativamente aos três primeiros meses do ano.
Pequenas e grandes empresas com mais intenções de contratar
As empresas que anunciavam um ritmo mais próspero de contratação eram as Pequenas, numa projeção para a criação líquida de emprego de +33%, e as Grandes, numa projeção de +31%.
Embora positivo, mas não tão expressivas comparativamente, as Microempresas e as Médias empresas também previam o reforço das suas equipas, com as projeções de +19% e +25%, respetivamente.
O Grande Porto tem as previsões de contratação mais otimistas
No geral, as regiões de Portugal apresentavam crescimentos nas contratações, todavia, é a região do Grande Porto que mais se destaca, com +43%, no que resulta 11 pontos percentuais acima das projeções do primeiro trimestre de 2022. Para a Grande Lisboa, a projeção situa-se nos +29%.
A região Norte é a que apresenta uma projeção mais baixa, embora ainda favorável, de +19%, resultando numa diminuição de 22 pontos percentuais comparativamente ao primeiro trimestre de 2022.
Globalmente positivo
Dos 40 países e territórios analisados no estudo, em que foram entrevistados mais de 41.379 empregadores, 39 países anunciaram reforçar os planos de contratação de talentos entre abril e junho, embora se verifique um abrandamento face ao primeiro trimestre. O Brasil é quem apresenta maior projeção, rondando os 40%, seguido da Suécia e da Índia, ambas com 38%. Portugal regista os 29%.
O próximo relatório será divulgado no mês de maio e contará com as expectativas para o terceiro trimestre, devendo englobar os impactos do conflito na Ucrânia.