Vasco Malta é o Chefe de Missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) em Portugal desde novembro de 2020. Licenciado em Direito e com um L.LM em ‘Direito Europeu em Contexto Global pela Católica School of Law’, tem vincado a sua carreira na área dos direitos humanos.
Começou em 2009 no Alto Comissariado para as Migrações e o Diálogo Intercultural em Portugal. Desempenhou funções como responsável jurídico da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial e integrou a Comissão Nacional de Direitos Humanos. Entre 2018 e 2019, exerceu ainda o cargo de Diretor para as Relações Internacionais, Política Migratória e Captação de Migrantes no Alto Comissariado para as Migrações.
Posteriormente, foi nomeado Adjunto do Ministro da Administração Interna para as áreas das migrações, refugiados, tráfico de seres humanos e violência doméstica, além de Conselheiro na Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial em representação do Ministério da Administração Interna.
Na rubrica ‘Líderes em Destaque’, publicada na revista Líder nº29, o especialista em migrações explica a sua visão do sentido de pertença num mundo cada vez mais dividido, dentro e fora de fronteiras.
Qual é para si o verdadeiro significado da palavra ‘pertencer’?
Pertencer significa sentir-se reconhecido e valorizado na comunidade onde se vive, sem necessidade de abdicar da identidade e da história individual. É um equilíbrio entre integração e respeito pela diversidade, onde todos têm voz e oportunidades.
Como se relaciona liderança e inclusão?
Uma liderança verdadeiramente eficaz deve ser inclusiva. Liderar é criar espaços onde diferentes perspetivas são bem-vindas e onde as pessoas podem contribuir plenamente, independentemente da sua origem, género ou crenças. Na OIM, defendemos que a inclusão é a base para sociedades mais resilientes e coesas.
Mais abertura significa melhor diversidade. Então por que nos estamos a fechar cada vez mais?
O paradoxo da globalização é que, apesar do acesso sem precedentes à informação e à diversidade, o medo do desconhecido e a polarização social continuam a crescer. A resposta passa por um esforço coletivo na promoção do diálogo intercultural e na criação de narrativas baseadas na evidência, em vez de na perceção ou no receio do outro.
Entre incluir e pertencer, o que privilegia?
São conceitos indissociáveis. Incluir é o primeiro passo, garantindo que há oportunidades e acesso. Mas só quando as pessoas sentem que pertencem – quando são aceites e valorizadas – é que a inclusão se torna genuína e sustentável.
O que cada um pode fazer pela inclusão?
A inclusão começa nas pequenas ações do dia a dia: ouvir ativamente, desafiar preconceitos, garantir que todos têm oportunidade de participar e contribuir. Enquanto líderes, temos a responsabilidade adicional de moldar políticas e ambientes que promovam uma cultura de pertença para todos.
BIO
Empresa/Organização: Organização Internacional para as Migrações (OIM) – Agência das Nações Unidas para as Migrações em Portugal
Função: Chefe de Missão em Portugal
Idade: 43
Educação Académica: Licenciado em Direito na Faculdade Direito Lisboa, com LL.M em Direito Europeu em contexto Global, pela Católica Scholl of Law
O que faz quando tem tempo livre: Viajar, ler e explorar diferentes culturas especialmente através da gastronomia
Livros da sua vida: The Warmth of Other Suns e The Epic Story of America’s Great Migration (Isabel Wilkerson), Como Funciona Realmente a Migração (Hein de Haas), Siddhartha (Hermann Hesse)
Podcasts: The Ezra Klein Show, Eixo do Mal, O Homem que comia tudo
Viagem de sonho: Explorar as rotas históricas da diáspora global em todos os continentes
Líder que o inspira: António Guterres
Este artigo foi publicado na edição nº 29 da revista Líder, sob o tema Incluir. Subscreva a Revista Líder aqui.