Ganhou protagonismo a vaga de “ativismos” que desde há tempos tem procurado e obtido tempo de antena. Os ditos ativistas ora perturbam o lançamento de um livro porque é de direita, ora porque é de esquerda. Atiram sopa para uma pintura. Lançam tinta sobre um ministro. Ou sobre um edifício. Fazem uma “intervenção” num evento em protesto porque não gostam do evento. Meninos fecham-se na escola e impedem o seu funcionamento. Estas demonstrações de ativismo tornaram-se recorrentes. Como têm sido recebidas?
Os autoproclamados progressistas simpatizam com as intervenções “progressistas”. Se casam com a sua definição de progresso são não apenas legítimas como até bem-vindas. Mesmo quando metem vandalismo. Quando a causa desagrada, deixam de ser vistas como legítimas. Uma proposta: o ativismo quando nasce é para todos mas a responsabilidade também. Por isso, quem estraga deliberadamente o que não lhe pertence assume as responsabilidades por aquilo que faz. O que se compreende pior é a separação entre ativismos legítimos ou ilegítimos em função dos gostos de cada um. E dois pontos parecem óbvios.
Primeiro, muitos destes ativismos não passam das novas roupas de velhos anticapitalistas que têm muitas formas legítimas para expressar os seus pontos de vista. Segundo, como escreveu Maria João Marques, não se atira tinta às pessoas. Mais: a segurança de um ministro não é assunto para tratar de ânimo leve.
PS – O ministro Duarte Cordeiro mostrou uma dignidade que o engrandece; os seus atacantes mostraram uma exaltação que os diminui. Está na Bíblia: exalta-te e serás humilhado, humilha-te e serás exaltado.