Fomos preparados para pensar que o crescimento é definido em percentagens e não em múltiplos, que as melhores soluções surgem dentro da nossa indústria, e que os modelos organizacionais tradicionais trazem clareza e previsibilidade. Espero que muitos líderes compreendam que esse mundo já não existe.
E que para criar valor realmente exponencial, seja para os acionistas, colaboradores, clientes ou sociedade, precisamos de promover um pensamento exponencial. Precisamos de nos desafiar a pensar como vamos crescer 10x mais nos próximos 3 anos, se externalizar a nossa área de inovação pode trazer mais disrupção e competitividade, e se estamos a criar outros líderes com pensamento exponencial que garanta a sustentabilidade desta cultura dentro das nossas organizações.
O pensamento exponencial exige que as lideranças estejam confortáveis com a definição de uma visão aspiracional. No entanto, confesso que fico surpreendido com a falta de clareza e de sonhos que algumas empresas com quem trabalho traduzem na sua visão. Como é que podemos esperar que os colaboradores queiram trabalhar para uma organização com uma visão pouco clara, ou pior, sem ambição. Recentemente li um artigo na HBR de um professor de estratégia da Nova SBE, Benoit Decreton, que reforçou a minha teoria de que a maioria dos executivos desligam a sua imaginação quando estão a definir a visão e respetiva estratégia. E que por isso, a utilização da ficção como técnica de desenho da visão pode muito bem representar um forte aliado ao desenvolvimento de pensamento exponencial.
Depois, temos de assegurar que temos a paciência e a coragem necessárias para aceitar que uma visão exponencial não é linear, e como tal, durante o caminho irão surgir muitas mais dúvidas, incertezas e ambiguidade. Ensinar as equipas a lidar com a incerteza é por isso absolutamente fundamental, sobretudo num contexto em que acontecimentos como a pandemia ou a guerra contra a Ucrânia, destroem por completo os tradicionais planos a 3 ou 5 anos ainda exigidos pela gestão de topo e pelos acionistas.
Finalmente, a partir do momento que a prova de conceito for validada e o negócio começa a crescer exponencialmente, a organização e os seus líderes têm de demonstrar uma enorme agilidade na forma como se gerem os recursos necessários para manter a velocidade que imaginámos e assegurar o retorno de investimento do caminho trilhado. Isto não significa que vamos aumentar o mesmo tipo de recursos para fazer face ao crescimento exponencial. Significa sim que temos de descobrir como é que um determinado input vai originar 10 ou 30x mais retorno do que no passado.
Mas para desenvolver este mindset exponencial, é ainda necessário adicionar um ingrediente fundamental: compreender e antecipar o futuro. Isto exige compreender como o mundo está a mudar não só no curto prazo, mas no longo prazo, elaborando cenários que nos permitam tomar decisões sobre uma visão ambiciosa, gerindo a ansiedade gerada por uma meta longínqua, mas preparando a organização para colecionar os frutos do caminho escolhido.
Mas será que as nossas organizações investem tempo suficiente em preparar as lideranças e respetivas equipas para este tipo de mindset? Ou estaremos a perpetuar modelos que estão focados na maximização de resultados de curto prazo sem compreendermos que se não formos os agentes da nossa própria disrupção, alguém o fará por nós?
Estes são alguns dos temas que atualmente fazem parte da agenda do dia e que são abordados de forma abrangente em inúmeros eventos e iniciativas que têm como expetativa compreender o futuro dos negócios, o futuro do trabalho (e da vida), e a forma como a tecnologia e o seu papel será cada vez mais determinante para a competitividade das organizações.