O Future of Life Institute (FLI) tornou-se o centro das atenções, quando em março último lançou um alerta global: “Pause Giant AI Experiments. We call on all AI labs to immediately pause for at least six months the training of AI systems more powerful than GPT-4”.
A Carta Aberta, em jeito de Manifesto, pede uma pausa de seis meses no desenvolvimento dos Grandes Modelos de Linguagem (LLMs), nomeadamente o Chat GPT.
Está-se a ir rápido de mais. Será?
Nuno Jardim Nunes é Professor catedrático do Instituto Superior Técnico e Co-Diretor da Carnegie Mellon Portugal e assume uma posição contra a moratória aos “grandes modelos de linguagem”. Primeiro, argumenta não serem uma forma de inteligência artificial geral, mas sim modelos treinados em quantidades muito grandes de informação e que geram respostas estatisticamente prováveis. Depois, estes modelos já estão disponíveis de forma relativamente aberta e disseminada. Na sua perspetiva, a existir a caixa de Pandora ela já foi aberta.
Para a revista Líder, colocamos o desafio:
Como podem estes seis meses de interrupção prevenir um ataque da máquina sobre o Homem? Faz sentido parar? O que pode significar o futuro do ChatGPT e dos Grandes Modelos de Linguagem (LLMs)? O que é realmente urgente?
“A polémica sobre os “grandes modelos de linguagem” (GPT ou LaMDA) continua. A recente moratória sugere que estamos numa corrida desenfreada para criar “mentes digitais” que são ainda pouco compreendidas, previsíveis e controláveis.
Segundo os subscritores, devemos parar até compreender os efeitos e riscos desta tecnologia. A ideia de que os modelos são uma forma de inteligência geral que pode fugir ao nosso controlo num ciclo explosivo é improvável.
A adoção de qualquer tecnologia de uso geral é sempre lenta, já que mudanças comportamentais e impactos na sociedade e na economia levam tempo. A moratória parece assim oportunista e sem efeitos práticos, a menos que o objetivo seja criar um mercado baseado no “hype-crítico” ou influenciar a competição global, beneficiando regimes ditatoriais ou empresas que estão a perder competitividade.
Não é possível parar o vento com as mãos. A adoção é a questão central, já que podemos controlá-la. Urge é decidir em quais áreas e como os LLMs serão adotados e a que informações terão acesso”.
Este artigo foi publicado na edição de primavera da revista Líder.
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