A Physis – Associação Portuguesa de Estudantes de Física, em colaboração com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, organizou em outubro, em Lisboa, o Congresso: “3 day Mission: SP4C3 Exploration”, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O encontro contou com várias palestras, debates e outras atividades, e com a presença de cerca de 80 participantes, maioritariamente estudantes de licenciatura e mestrado, de diferentes zonas do país. Vários especialistas em áreas relacionadas com a exploração espacial, como instrumentação, astrofísica planetária, cosmologia, astrobiologia, entre outros, deram a conhecer o seu trabalho. A mesa redonda e o debate foram os momentos de maior discussão de opiniões, conjugado com a partilha de conhecimento.
Exploração e corrida ao espaço
Na mesa redonda, Hugo Costa, membro da Direção da Agência Espacial Portuguesa, Rodrigo Ventura, professor Associado do Instituto Superior Técnico e António Silva, professor e membro do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa falaram sobre algumas futuras missões em exploração espacial, entre as quais as missões de levar novamente humanos à Lua e astronautas a Marte e a missão Euclid, que, segundo António Silva, tem o objetivo de “fazer uma espécie de Google Maps do espaço, mapeando as várias galáxias”.
No debate, Rui Agostinho, José Afonso e Alexandre Cabral, do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa procuraram dar resposta à pergunta: “Há Futuro na Exploração Espacial?”. Foram abordados os tópicos da corrida ao espaço, repleta de desafios e barreiras políticas e sociais, ao invés de uma prática científica cujo principal objetivo é a busca de conhecimento. «Não existe um obstáculo tecnológico, mas sim social e político», disse na ocasião o cientista José Afonso, no sentido que cada nação dá primazia a ser pioneira e ver os seus objetivos concretizados, em vez de trabalharem em conjunto para otimizar a evolução científica. Deu-se também relevância à análise da pertinência da missão, nomeadamente em relação ao custo face ao objetivo científico.
«O custo é uma coisa crucial», disse o cientista Rui Agostinho. Falou também da importância da robótica, visto que os robots permitem fazer tarefas onde é desnecessariamente dispendioso ter humanos, tendo existido um grande desenvolvimento a esse nível. No âmbito desta evolução, foi discutida a relevância de continuar a realizar missões tripuladas e concluiu-se que apesar da evolução tecnológica, há certas experiências e análises que são exequíveis apenas por humanos, o que impede a total automatização das missões.
Em suma, a exploração espacial tem grandes obstáculos a enfrentar, mas, como disse Rodrigo Ventura, «com base na história, todos os esforços de ir um pouco mais além e de evoluir na tecnologia, têm um retorno gigantesco na sociedade».
Assim, é da opinião geral que a exploração espacial é algo em que se deve investir e que, como se percebe pelas várias missões, tem bastante futuro.