Assumindo a ideia de que aprendemos melhor pelo contraste, pode-se começar por explicar o que não é uma Liderança Consciente e nessa definição a palavra ego é protuberante. Um líder que não tem consciência do seu impacto nos outros, dirigindo funcionalmente, ou por hábito, sem intencionalidade ou reflexão, é o oposto de uma liderança consciente.
Acresce ainda a falta de empatia e propósito, com foco no interesse próprio e em ganhos a curto prazo – tome nota, pois isto não é ser um líder consciente.
O que é, afinal, uma Liderança Consciente?
A liderança consciente é necessariamente inclusiva e sustentável. Descrita de muitas maneiras, e com diversas ideias que a definem, pode-se afirmar que um líder consciente é alguém que compreende o seu papel na criação de um Mundo que funcione para todos e toma medidas para que isso aconteça.
A autoconsciência, a atenção plena e um profundo sentido de propósito são pilares deste estilo de liderança. Os líderes que são conscientes e intencionais sobre as suas ações, decisões e interações, criam resultados positivos não apenas para si, mas também para as suas equipas, organizações e sociedade como um todo.
Os líderes conscientes priorizam o bem-estar, o crescimento das suas pessoas e a sustentabilidade dos negócios. Por outro lado, ao focar as suas decisões a longo prazo, contribuem para organizações resilientes e adaptáveis, capazes de enfrentar desafios complexos e criar mudanças significativas.
São líderes empáticos, compassivos e capazes de se conectar, a um nível mais profundo, com as pessoas e as equipas. Incentivam a criatividade, a inovação e a diversidade de pensamento, o que, no geral, contribui para um ambiente onde todos se sentem ouvidos, respeitados e valorizados.
As organizações com níveis elevados de Liderança Consciente são mais propensas a ter colaboradores mais envolvidos, altos níveis de inovação e um impacto positivo na sociedade, diz um estudo da Korn Ferry. Uma outra pesquisa, realizada pela Deloitte, mostra que a maioria (77%) dos trabalhadores da geração millennial consideraria deixar o seu emprego atual por um com um sentido de propósito mais forte, o que indica uma exigência por um tipo de Liderança Consciente.
Segundo o Journal of Business Ethics, a Liderança Consciente está positivamente associada ao comportamento de cidadania organizacional, o que se reverte em colaboradores que vão além das suas funções para ajudar a organização.
Responsabilidade Social e Ambiental
A responsabilidade social e ambiental são dois pilares efetivos da Liderança Consciente, nomeadamente pela tomada de decisão que é feita conforme uma base ética. Líderes conscientes consideram não apenas o impacto financeiro das suas decisões, mas também o impacto social e ambiental.
A transparência e prestação de contas, pelas suas ações e as da sua organização, é outro traço dos líderes conscientes, que contribui para a confiança dos stakeholders.
O envolvimento da comunidade é de extrema importância, para além de outras partes interessadas, na tomada de decisões, e na implementação de práticas socialmente responsáveis e sustentáveis. A promoção de uma cultura organizacional que valoriza a responsabilidade social e ambiental é daí evidente. Os líderes conscientes incentivam as equipas a incorporar práticas éticas e sustentáveis nas rotinas de trabalho e a envolverem-se em iniciativas que beneficiem a sociedade e o meio ambiente.
Buscam também um incentivo à inovação de forma responsável, com soluções para os desafios sociais e ambientais, enquanto consideram os impactos de longo prazo. Neste âmbito, os líderes conscientes assumem, por vezes, papéis de liderança na defesa de questões sociais e ambientais de maior relevância. Através da sua influência, promovem mudanças positivas na legislação, nas políticas públicas e nas práticas industriais.
Como promover uma atitude de Liderança Consciente
Alguns passos podem ajudar a tornar-se um líder mais consciente. Comece por desenvolver uma autoconsciência, conhecendo-se a si próprio, as suas forças, fraquezas, valores e crenças. Pode ser feito através de terapia, autorreflexão, meditação, escrita, entre outros. Pratique a atenção plena, que não é mais do que estar presente no momento, sem julgamento, e com um sentido de curiosidade.
Desenvolva a sua inteligência emocional, que é a capacidade de reconhecer e gerir as suas próprias emoções, bem como as dos outros. Cultive um sentido de propósito, que deve ir muito para além do lucro e do sucesso pessoal. Uma vez sabendo-o, clarifique-o, pois, isso ajuda a alinhar as suas ações e decisões com seus valores e objetivos. Promova uma cultura de confiança e capacitação e finalmente nunca deixe de aprender. Procure o feedback das pessoas, retire lições dos erros e procure manter-se informado sobre novas tendências e melhores práticas.
Numa nota mais aspiracional, e espiritual, o papel de um líder consciente é inspirar e capacitar os outros a tornarem-se uma melhor versão de si próprios, e em deixar uma marca positiva no Mundo.


