Há autores que nos ajudam a descodificar o mundo. Timothy Snyder é um deles. Professor em Yale é um especialista na Ucrânia, que há anos acompanha. Os seus livros abordam também, inevitavelmente, a questão da tirania e da liberdade.
Da Liberdade (Dom Quixote) é precisamente o tema do seu novo livro. Snyder define a liberdade como o valor dos valores: é dela que brotam todos os valores de uma sociedade decente. Todavia, a liberdade não deve nunca ser dada como um valor adquirido. Tem de ser cultivada em permanência; é um valor frágil – como todos.
Por isso, num momento em que os EUA rondam perigosamente a ideia de autocracia, não pode haver leitura mais apropriada para os dias que correm. Como explica Synder, num mundo de pós-verdades, as grandes mentiras podem parecer credíveis porque nenhum seguidor acreditaria que o líder o enganaria de forma tão grosseira. E recorda: sem ideais é impossível ser realista. Vale a pena relembrar este ponto, lá nos EUA, como cá por Portugal. Mas, nota Snyder, precisamos de ideais positivos. A liberdade é um valor positivo, multiplicador de outros valores capazes de melhorar o bem comum. Eis, portanto, um manual para os dias que correm.