São as mulheres quem mais valorizam o tema Work Life Balance – até porque são elas, sobretudo, que ainda sentem maior peso sobre as responsabilidades familiares. As organizações vão ter de se abrir a uma maior flexibilização nos horários de trabalho, para que haja um maior equilíbrio na esfera profissional, familiar e pessoal dos colaboradores. E este é já um tema presente nas entrevistas de recrutamento das empresas.
No 5º episódio do “Promova Talks”, sob essa mesma temática (Work life balance), Joana Queiroz Ribeiro, Diretora de Pessoas e Organização na Fidelidade, Laura Santos, Diretora da Auditoria Interna na Galp, e Chloé Lapeyre, do Conselho de Administração da ANA – Aeroportos de Portugal, partilharam as suas opiniões no podcast moderado pelo Jornalista André Macedo.
O tema do “Work life balance”, “é um assunto transversal que se coloca cada vez mais nas pessoas que estão a começar a carreira ou a mudar de emprego”, refere Joana Queiroz Ribeiro, frisando que “as organizações vão ter de flexibilizar muitíssimo, dentro daquilo que para elas faça sentido”. Para quem está a começar e tem de fazer escolhas profissionais, a dualidade: ser mãe ou ser profissional não deve ser posta em causa. “As mulheres conseguem gerir isto de forma global. Claro que vão conseguir ser mães e profissionais”, afirma.
Chloé Lapeyre, uma mulher de carreira internacional refere que o fator importante passa pela crença nas forças de cada uma, “ter confiança em si e seguir o caminho que vai dar mais satisfação à sua vida”. No seu caso, para poder abraçar todos os desafios encontrou uma espécie de fórmula que lhe permite ser bem-sucedida: “Tenho a atitude, desde o primeiro dia da minha chegada, de encontrar pessoas que me vão ajudar. Temos de aceitar esta ajuda; não podemos fazer tudo sozinhas. No estrangeiro não há família. Dou também responsabilidade aos meus filhos – tenho quatro – para serem mais autónomos e para que tudo possa funcionar.” Organização e disciplina fazem parte desta equação: “Tendo a pensar que a minha família também beneficia do meu equilíbrio, que é frágil.” Não marcar reuniões para o fim do dia e reservar tempo para se fazer o que se gosta são algumas dicas que impactam positivamente na família.
Para Laura Santos, o conselho para as mulheres mais jovens é o “de não desistirem antes de começarem”. E sublinha: “Escolham um parceiro que divida a vida e as responsabilidades convosco. E aceitem toda a ajuda que puderem.”
É notório que quem está a entrar no mercado de trabalho dá mais atenção ao equilíbrio nas múltiplas solicitações do quotidiano. E quanto mais jovens mais corajosos são para introduzir o tema: “O que a experiência demonstra é que, para as gerações mais novas, é uma preocupação que surge logo. É um fator decisivo para escolher a empresa A ou B”, nota a responsável da Galp.
Chloé Lapeyre reconhece que, por vezes, no seu meio “o equilíbrio é uma mistura que não tem as fronteiras muito claras, porque há uma dedicação muito particular neste setor”. Flexibilidade é a palavra de ordem para se conciliarem vontades e se alcançarem resultados produtivos. Apesar de tudo, o que conta para esta administradora, no ato de recrutamento, “é o entusiasmo, a dedicação ao trabalho. Vendemos serviços. Gostamos de perfis enérgicos e polivalentes”.
Ser homem ou ser mulher, ser pai ou ser mãe, não é um obstáculo para cultivar um bom desempenho no seio das empresas. Mas se olharmos à volta, e mesmo sem recorrer à vista armada, todos reparam que ainda há desequilíbrio na esfera familiar, o que se repercute no espaço de trabalho. “Ser mulher não tem de ser um handicap quando queremos entrar nas organizações. Mas nós, mães, também temos de ter atenção ao papel dos pais nas famílias”, reforça Joana Queiroz Ribeiro.
Exige-se o mesmo a um homem e a uma mulher, logo ambos têm o mesmo direito de cuidar dos filhos – mas a lógica não é matemática nos diferentes ambientes. “Ainda temos uma sociedade em que a questão familiar está muito em cima da mãe. A resolução deste problema está na educação das nossas crianças do 1.º e 2.º ciclos”, afirma Laura Santos para quem do ponto de vista das empresas, o que tem de ser proporcionado “é a flexibilidade, quer para o horário do pai, quer para o horário da mãe, o que ajuda a uma maior repartição entre ambos os progenitores”.
Para completar este raciocínio, Joana Queiroz Ribeiro exemplifica que na Fidelidade existem 14 horas anuais disponíveis, pagas, para os pais dedicarem mais tempo à família, se assim o desejarem, embora “sejam mais as mulheres que recorrem a esse tempo”.
O “Promova Talks” foi criado no âmbito do Projeto Promova, lançado pela CIP, em parceria com a NOVA SBE. Trata-se de um programa de desenvolvimento e formação com o objetivo de promover cada vez mais mulheres em cargos de liderança nas empresas portuguesas. É um podcast mensal, produzido pela CIP em parceria com a Randstad, que visa discutir os desafios da igualdade de género e de oportunidades no emprego para as mulheres. Este podcast está disponível através das principais plataformas Spotify, iTunes, Google Podcasts. O 1.º episódio tem como tema “O recrutamento sem género”, o 2.º “As mulheres no setor da saúde”, o 3º “As mulheres na tecnologia” e o 4º “Gerações no feminino, o que muda?”.