A palavra, gravitas, significa peso, no sentido de responsabilidade, seriedade, dignidade. É um termo importante. Deve ser conhecido de quem lidera e tem responsabilidades. Uma dose de gravitas é necessária para poder criar espaço para o exercício da liderança. É relevante para proteção pessoal: uma medida de distância ajuda a tomar as decisões difíceis inerentes à liderança – de uma empresa, departamento, serviço público, clube desportivo, congregação religiosa, sala de aula. Confere às organizações por via de quem as lidera, uma aura de mistério.
Ora, a ênfase na autenticidade, na proximidade e na transparência, estão a reduzir o reconhecimento da importância da gravitas. É problemático que assim seja. Torna a vida mais difícil porque desgasta as instituições e seus líderes. Mostra o que não deve ser mostrado. Banaliza o que deve ser preservado.
Os recentes casos envolvendo o governo, os professores e a coroa britânica, são reveladores. Todos reduzem a gravitas respetiva. As intrigas governamentais revelam uma propensão endogâmica que não se espera em quem nos governa. As greves dos professores, totalmente justas na substância, suscitam dúvidas na forma. O livro do príncipe Harry vem lavar roupa suja para a rua. Os próprios media parecem ter espaço para poder fazer melhor escrutínio entre o que deve ser revelado e o que não tem relevância para lá de um travo de escândalo por vezes sem medida de proporção. Acautelemo-nos: uma sociedade sem gravitas entregará o poder aos populistas, que rapidamente provarão o seu próprio veneno. Para mal de todos.