Segurança é uma necessidade básica para nos mantermos capazes de agirmos e criarmos. Quando sentimos Segurança, conseguimos estar focados em objetivos pretendidos (e não em criar estratégias de defesa ou reação), sentimos à vontade para exprimir as nossas ideias e estamos disponíveis para (re)criar contextos.
Nos últimos anos, o mundo Ocidental (em particular), que tinha a Segurança como garantida, tem vivido verdadeiros testes a esta necessidade básica. Desde ameaças físicas (ex.: Covid19 e Invasão da Ucrânia) a ameaças virtuais (ex.: ciberataques), têm trazido dúvidas sobre se a Segurança é de facto uma Realidade ou apenas uma Ilusão.
Esta questão pode estar alicerçada no facto da Segurança, individual ou coletiva, ser um bem precioso, e um desafio para lideranças que se sentem ameaçadas com Pessoas que agem e criam. Quando observamos líderes políticos a anunciar a terceira guerra mundial, líderes nas comunidades a avisar sobre os perigos da diversidade cultural, ou líderes nas organizações a alertar para a não conformidade como perigo à estabilidade no trabalho, estamos, na verdade, a observar líderes que pretendem imobilizar a liberdade de interação, de expressão e de expansão de recursos e talentos.
E se a Segurança não passar de uma Ilusão sobre a qual cada um de nós (na nossa esfera de influência e condição de liderança) tem a capacidade de escolher tornar Realidade?
Uma liderança com abordagem de Coaching é um espaço onde se cria e desenvolve segurança psicológica. A liderança da equipa fomenta um clima de confiança, onde os membros da equipa se reconhecem e protegem uns aos outros. Existem redes de apoio ativas, e essas redes são sempre acessíveis dentro das equipas. Esta liderança atua de forma a promover comportamentos de apoio entre os membros da equipa e a mostrar a vontade de aceitar e prestar ajuda.
Mas a segurança psicológica da equipa, como “uma crença partilhada de que a equipa é segura para assumir riscos interpessoais” (Edmonson, 1999: 354), vai para além da confiança e respeito mútuos. Trata-se de cada membro da equipa se sentir confortável em falar e ser eles próprios, oferecendo as suas perspetivas e soluções dentro de uma voz coletiva. A segurança psicológica da equipa é um espaço onde, numa verdadeira parceria, os erros são permitidos como forma de aprender, tentar novamente, e crescer.
A liderança que promove segurança psicológica:
- Encoraja a contratualização para todos os cenários. A equipa deve ter bons acordos (mesmo informalmente), em que a transparência é a regra. Todos devem saber o que se espera da equipa e de cada membro. Os limites são explícitos, e todos sabem como funciona a interdependência.
- Utiliza a curiosidade, o questionamento, e encoraja a que seja ouvida a voz de todos.
- Reconhece a sua própria vulnerabilidade e a dos outros, permitindo que sejam cometidos erros, como forma de aprendizagem e desenvolvimento.
Que estilo de liderança escolhe desenvolver à sua volta – uma liderança que se apoia em anunciar a Segurança como um Ilusão? Ou uma liderança que promove a Segurança como a Realidade capaz de fazer emergir recursos e talentos?
Edmonson, A. (1999), Psychological safety and learning behavior in work teams, Administrative Science Quarterly, 44, 350-383.