Mais uma vez um cenário de guerra traz lições de liderança. E mais uma vez mostra que não existem formas corretas ou erradas de liderar na obtenção de resultados. As perceções sobre o seu impacto, essas sim, fazem pensar sobre qual a forma que escolhemos liderar.
Na invasão da Ucrânia observamos, de um lado, um líder que parece utilizar a arrogância, onde o poder superior na linha de comando dirige pessoas de forma supostamente concertada, utilizando o medo como a emoção motora dos liderados. Os liderados, não sendo estimulados a ampliar perspetivas, limitam-se a cumprir ordens, utilizando as suas capacidades para evitar serem sancionados. De outro lado, temos um líder que aparentemente utiliza a inspiração, que escolheu ficar ao lado dos seus liderados, criando contextos.
A liderança a partir da criação de contextos, trata-se de uma liderança dinâmica de equipas, que utilizando uma abordagem de coaching, permite:
- Assegurar segurança psicológica. Esta liderança fomenta um clima de confiança, onde os membros da equipa se reconhecem e protegem uns aos outros, onde cada membro da equipa se sente confortável em falar e ser eles próprios, oferecendo as suas perspetivas e soluções dentro de uma voz coletiva;
- Promover o alinhamento (modelos mentais partilhados). Os modelos mentais são as representações internas que cada membro da equipa tem sobre o sistema. Os membros da equipa precisam de um entendimento comum de como o sistema é descrito e explicado, e do que podem esperar como comportamentos do sistema. Desta forma, a equipa tem uma visão partilhada que se pode transformar rapidamente em planos de ação.
- Facilitar a aprendizagem coletiva. Esta liderança renuncia à necessidade de controlo e trabalha a partir das necessidades específicas da equipa, promovendo a aprendizagem coletiva. O desenvolvimento da equipa tem as suas raízes na capacidade de questionar, refletir e discutir sobre o seu desempenho e o impacto do seu trabalho coletivo, nomeadamente quando os resultados não foram os esperados ou quando os erros são visíveis;
- Estimular a improvisação. Esta liderança estimula a cocriação de equipas autogeridas onde são obrigatórias a adaptabilidade contínua através da liderança partilhada, como também a exploração e a tomada de riscos. As incertezas, dentro de ambientes complexos e diversos, tornam o planeamento prévio infrutífero. As equipas são solicitadas a procurar continuamente novas soluções. A improvisação contínua requere que cada participante atue de forma única, sem muita preparação. E, portanto, a autonomia parece ser o caminho a seguir em resposta a acontecimentos decorrentes do contexto.
Reforço que não existem formas corretas de liderar. Perante a incerteza, escolher entre ser um líder que utiliza a arrogância ou um líder que utiliza a inspiração, serão escolhas ambas válidas. Apesar de alguns contextos exigirem uma forma mais diretiva e arrogante de liderar, a liderança dinâmica de equipas com uma abordagem de coaching permitirá ampliar opções e criar ou fazer surgir novos contextos. Qual é a sua escolha para a forma de liderar?