A inclusão é um tema que tem grande peso na vida de Marta Vitorino. Não só por ser criadora do podcast ‘Desvendar Melodias’, da RFM, focado nestas temáticas, mas também por ser cega e sentir na pele o verdadeiro significado de pertencer. A jovem de 28 anos é a prova viva de que os sonhos não conhecem limitações, acreditando que o caminho da inclusão está a ser feito pelas organizações, mas que o sentimento de pertença ainda tem de ganhar destaque.
É produtora de conteúdos na RFM, onde também encontrou lugar para o podcast que conjuga duas das suas paixões: rádio e música. Nele, desafia artistas e personalidades a partilharem histórias de bastidores e como acham que as suas profissões devem ser mais inclusivas para pessoas surdas e com deficiência.
Para além de trabalhar estes temas, tocar guitarra e cantar, ocupa os seus tempos livres com a leitura, um mundo que se abriu graças à saga Harry Potter. Foram os primeiros volumes que a encantaram finalmente, ao fim de vários anos sem ganhar paixão por livros.
Na rubrica ‘Líderes em Destaque’, publicada na revista Líder nº29, a produtora de conteúdos explica a diferença entre inclusão e pertença e qual o verdadeiro significado destas questões.
Qual é para si o verdadeiro significado da palavra ‘pertencer’?
Pertença é fazer parte de algo e sentir que fazemos a diferença por sermos quem somos. Nós pertencemos a um lugar não só quando lá estamos, mas quando contribuímos para que ele aconteça. A nível profissional, eu quero estar num lugar porque sou a Marta e não por ser cega. Porque tirei um curso e trabalhei para estar ali e não por existir alguma entidade que obriga a empregar um determinado número de pessoas com deficiência.
Como se relaciona liderança e inclusão?
A verdade é que vemos muito poucas pessoas com deficiência em cargos de liderança. Talvez a sociedade associe inclusão a um líder ter de incluir a pessoa com deficiência. A liderança e a inclusão têm que estar ligadas pela palavra consciencialização, que depois leva a uma ação. Se um líder diz que é possível e que pode acontecer, toda a organização vai ao encontro disso, pelo que tem o papel mais importante na sensibilização.
Mais abertura significa melhor diversidade. Então por que nos estamos a fechar cada vez mais?
O mundo anda a uma velocidade muito rápida e é curioso que, quanto mais informação temos, menos conseguimos acompanhar. Já que temos tanta informação, devemos interpretar as coisas com calma e ouvirmo-nos mais uns aos outros, para não estarmos tão fechados nas nossas bolhas de informação.
Entre incluir e pertencer, o que destaca?
É impossível eu sentir pertença sem me sentir incluída. E é impossível eu querer incluir alguém sem fazer com que essa pessoa tenha o sentido de pertença. Acho que as duas coisas estão interligadas e não existem uma sem a outra.
O que pode cada um fazer pela inclusão?
A inclusão está na moda, para o bem e para o mal, e penso que é importante perceber o que significa verdadeiramente ser inclusivo. Devemos ouvir várias pessoas com deficiência para entender diversas experiências e fazer as coisas de forma realmente inclusiva. É também importante que cada organização pense de que forma é que está a abordar a inclusão e porque o está a fazer. Se todos comunicarmos mais uns com os outros, sem medo de falar nas questões da deficiência e da inclusão, estaremos todos os dias a fazer a nossa parte.
BIO
Empresa/ Organização: RFM
Função: Produtora de Conteúdos
Idade: 28
Educação Académica: Ciências da Comunicação
O que faz quando tem tempo livre: Ler, tocar guitarra e cantar
Livros da sua vida: Primeiro e segundo livros da saga Harry Potter, que abriram a porta para a leitura na infância
Podcasts: Bate Pé, de Mafalda Castro e Rui Simões e Terapia de Casal, de Rita da Nova e Guilherme Fonseca
Viagem de sonho: Londres e Nova Iorque
Líder que o inspira: José Coimbra, radialista
Este artigo foi publicado na edição nº 29 da revista Líder, sob o tema Incluir. Subscreva a Revista Líder aqui.