Lê-se e não se acredita: a Comissão Permanente da Seca reuniu 13 vezes em seis anos. A seca é um problema sério. Todos sabemos. Por vezes temos vontade de perguntar para onde foi a chuva. Perante este cenário parece legítimo esperar que alguém conhecedor esteja a pensar no problema. Parece não ser o caso. A comissão da seca pode ser muita coisa mas permanente não é com certeza.
Esse é, aliás, o problema permanente do nosso país: discute-se a espuma dos dias como se se tratasse de espuma estratégica. Alteram-se decisões com leviandade, como se essas alterações não tivessem custos. Um governo desfaz o que o anterior fez, como se não houvesse interesse convergente no longo prazo. O curto prazo reina; o longo prazo não conta.
Eis três maneiras de atuar perante problemas como a seca: 1) pensar no poder como uma responsabilidade e não como uma forma de acesso a recursos; 2) ler, por exemplo As Últimas Colheitas, de Philip Lymbery (Vogais) para aprender mais sobre o tema; 3) seguir o exemplo de organizações tão diversas como os All Blacks (“planta árvores que nunca verás crescer”) e da Patagonia (“pensa nas implicações das tuas decisões até à sétima geração”). Esta forma de pensamento transgeracional corresponde à própria definição de sustentabilidade. Pratiquemo-la em vez de nos empanturrarmos com espuma.
PS Relativamente ao terceiro ponto, fica o agradecimento os meus alunos do The Lisbon MBA pela inspiração.