Ao longo do dia de hoje já escutei por várias vezes afirmações como “agora que conseguimos lidar com a pandemia Covid-19, eis que também temos de lidar com uma guerra na Europa”. A questão, se me permitem, é bem maior que isto. Não se trata de nós termos de lidar com a situação. Este tipo de pensamento é redutor, egoísta se me permitem. Estamos todos à espera do impacto, e a assistir às imagens horríveis que passam na televisão. Não nos passa pela cabeça como é que os cidadãos da Ucrânia se possam estar a sentir. Há momentos vi uma imagem arrepiante de uma mulher completamente sem rumo no meio da rua, a gritar que não tinha para onde fugir. Acredito que essa imagem nunca mais me vai sair da cabeça. Mas, mais uma vez: não é sobre mim, nem sobre o leitor. É sobre algo bem maior.
Esperamos assim que a Liderança Mundial chegue a um acordo, pela paz, pelas pessoas. Sim, porque liderar agora, no âmbito político, tem que ver com pessoas. Ou melhor: devia de ter que ver com pessoas… Mas a verdade é que outros “valores mais altos” se levantam, no meio desta triste realidade. Perdem-se vidas, destroem-se famílias. Temos “déjà-vus” que nos arrepiam a espinha, de situações passadas, mas que pelos vistos de nada serviram, dado que estamos a passar por algo parecido. Como é possível que os nossos Líderes tenham permitido isto?
A paz encontra-se nas mãos de Líderes mundiais, uns com boas intenções, outros apenas com interesse louco e descabido. Um ego em limites, que foi alimentado sem darmos conta disso. É isto que me assusta: o nosso destino está nas mãos de pessoas em quem decidimos confiar, mas que agora nos permitem questionar se realmente merecem a nossa total confiança. Falo em nós porque olho para as pessoas como um todo. Somos iguais. Aqui, na Ucrânia ou na China.
A liderança tem que ver com pessoas. As pessoas estão a sofrer. Será que a verdadeira liderança, no verdadeiro sentido da palavra, está a ser devidamente aplicada? Sejamos todos líderes, com uma causa comum. Se somos capazes? Tenho a certeza. Em “equipa” vamos muito mais longe. Dizemos esta afirmação nos mais diferentes contextos de liderança, e depois esquecemos de a implementar nestas alturas. Eu, você, todos nós, somos líderes. Sejamos também nesta causa comum, que é a recuperação da paz. Infelizmente já não se trata de agir preventivamente. Passou de ser algo importante a algo urgente, e quando assim o é, na minha opinião, é sinal de má gestão.
Rezemos pela Ucrânia, e por todos nós. Que alguma força divina nos traga a capacidade de liderança que o mundo precisa. Todos somos um activo nesta equação. Todos temos o dever de não permitir que a História se repita.
Por Mafalda Almeida, Executive Coach & Mentor, CEO Rising Group