Tal como devemos periodicamente fazer um check up médico para avaliar a nossa saúde, sem estarmos doentes ou com queixas, também a robustez financeira das empresas deve ser avaliada, regularmente, de forma minuciosa, a fim de garantir as boas práticas de gestão: um bom desempenho económico e solidez financeira.
Ao analisar uma empresa, os cenários podem ser os mais variados. Estas podem ter um bom desempenho económico, mas uma débil solidez financeira, que poderá estar associada a investimentos significativos, inerentes de determinada atividade da empresa, ou ser fruto de uma situação financeira difícil no passado.
No entanto, também o inverso é possível: uma empresa poderá ter um mau desempenho económico, mas uma situação financeira confortável, o que acontecerá, por exemplo, se houve uma entrada de capital acima das necessidades da empresa.
Perante cenários tão distintos, como se atinge um pronto de equilíbrio?
A questão fundamental é aferir a capacidade da empresa em gerar resultados. É este o único garante do seu futuro, porque à exceção do indicador da autonomia financeira, para todos os outros indicadores económicos, não existem números mágicos.
A saúde financeira de uma empresa depende de múltiplos fatores: do seu setor de atividade, do ciclo económico em que a empresa se encontra, entre outros. Ao contrário da medicina – nas análises clínicas e exames são atribuídos valores indicativos para um bom resultado clínico – nas empresas essa análise é mais fina e deve ser vista caso a caso.
No entanto, há um aspeto de análise essencial, para avaliar a saúde de uma pessoa ou empresa, que é a sua evolução histórica. Os projetos empresariais são, normalmente, realizados a vários anos e conhecer estas dinâmicas de evolução, como a demonstração de resultados e o balanço, apresentará uma clara noção do caminho que está a ser percorrido.
Se ainda não fez esta análise, proponho que comece com a análise de três indicadores:
– Rentabilidade das Vendas (EBITDA / Vendas): mede a eficácia económica da empresa, ou a capacidade da empresa em gerar resultados. Existem outros indicadores, mas este é seguramente um dos mais importantes para analisar a faceta económica da empresa.
– Autonomia financeira (Capital Próprio / Ativo): evidencia qual a porção de todos os recursos que a empresa usa que estão financiados por meios próprios. De uma forma geral, valores superiores a 30% neste rácio, indicam uma boa saúde financeira de médio prazo – embora estes valores podem variar de setor para setor, entre outros fatores.
– Liquidez Geral (ativo de curo prazo / passivo de curto prazo): mede a capacidade da empresa, com os recursos disponíveis, ou a receber, no curto prazo, fazer face aos compromissos já assumidos ou a assumir a breve trecho.
Agora, construa um quadro com estes três indicadores ao longo dos últimos três exercícios, e terá uma perspetiva da trajetória económico-financeira da empresa (e dos eventuais desequilíbrios que possam estar a acontecer).
Este trabalho é essencial para a obtenção de bons resultados financeiros.
As melhorias constantes auxiliam os gestores a avaliarem os processos e a tomarem decisões seguras e até antecipadas, o que é essencial tendo em conta a competitividade do mercado. As empresas que não analisarem os seus resultados, em busca de melhorar a sua atuação, dificilmente atingirão uma posição de sucesso.
Por Carlos Gouveia, CEO da SCORING