Apenas 17% dos portugueses planeiam comprar carro este ano, em que 7% pretendem adquirir um novo e 6% um usado. Cerca de 41% afirmam não ter possibilidades financeiras e a maioria (73%) consideram difícil a decisão de compra.
Os custos elevados de manutenção são o principal obstáculo identificado, seguido pelo custo dos combustíveis, a diminuição do poder de compra e os impostos associados. Os dados são partilhados pelo Observador Automóvel 2024, num estudo realizado pelo Cetelem e que ainda refere que 82% dos portugueses antecipam um aumento dos preços das viaturas novas.
A par dos custos, a decisão de comprar um carro é difícil devido à variedade de marcas e à proliferação de opções disponíveis no mercado. Dos inquiridos que ponderam comprar um carro, cerca de 42% afirma não o fazer este ano ou por não precisar de um novo veículo imediatamente, ou por falta de recursos financeiros ou por estar à espera que os preços baixem.
A tendência de compra dos portugueses recai sobre os carros a combustão (35%) em comparação com os carros elétricos (28%). Em 2023, o mercado automóvel cresceu 26% e mais de metade das vendas novas foram de energias alternativas, segundo dados da ACAP – Associação Automóvel de Portugal.
‘Experimentar’ em vez de ‘ter’
O fenómeno de menos intenção de compra de um veículo pode estar também relacionado com a crescente adoção de um comportamento de compra que valoriza a experimentação em detrimento da posse.
«À medida que os consumidores procuram experiências e ligações mais ricas, as indústrias têm de adaptar-se criando ofertas que não sejam apenas produtos ou serviços, mas experiências memoráveis que ressoem a um nível emocional mais profundo», assim refere Joana Garoupa, Marketing Advisor, num artigo escrito em exclusivo para a Líder.
Diz ainda: «No sector automóvel, o aumento dos serviços de partilha de automóveis e de subscrição exemplifica esta tendência. Os consumidores estão cada vez mais a optar pelo acesso a um veículo, em vez de o possuírem. Esta mudança é motivada pela urbanidade, por preocupações ambientais e por uma preferência crescente pelo acesso em detrimento da propriedade, especialmente entre os consumidores mais jovens».