A comunicação política não é um luxo ou um acessório da governação — é um pilar essencial para a manutenção da confiança pública e da estabilidade governativa. Em tempos de crise, a forma como os líderes comunicam (ou não comunicam) pode determinar a sobrevivência de um Governo. Luís Montenegro falhou exatamente nesse ponto: foi um péssimo comunicador, um líder preso ao silêncio, incapaz de antecipar a necessidade de falar ao país antes que o caos se instalasse. O resultado? Um Governo sem rumo e uma crise que desembocou em eleições antecipadas.
Um erro que se revelou fatal
Em política, o silêncio raramente é interpretado como prudência. Pelo contrário, a ausência de comunicação é vista como falta de transparência, desinteresse ou até mesmo desprezo pelo eleitorado. Quando surgiram os primeiros sinais de instabilidade, Montenegro deveria ter assumido a dianteira na narrativa, esclarecendo os acontecimentos e acalmando os receios da população. Mas, em vez disso, optou por uma postura reativa, só comunicando quando a situação já era insustentável.
Este erro de cálculo revelou-se fatal. Em momentos de crise, um Governo que hesita em comunicar cede espaço para especulações, desinformação e perda de autoridade. Quando Montenegro finalmente quebrou o silêncio, já era tarde demais — a perceção pública estava formada e a sua liderança desacreditada.
Onde estavam os assessores de comunicação?
Não há dúvidas de que uma estratégia de comunicação eficaz, transparente e assertiva poderia ter evitado a crise política e poupado o país de eleições antecipadas. O que faltou?
- Proatividade na gestão da crise – Em vez de esperar que a pressão pública e mediática se tornasse insustentável, o Governo deveria ter assumido rapidamente o controlo da narrativa, apresentando explicações claras e medidas concretas.
- Transparência e clareza – A política é um jogo de perceções. Se um líder político não dá explicações convincentes, o eleitorado assume o pior. Uma comunicação aberta teria permitido dissipar dúvidas e reforçar a credibilidade do Executivo.
- Apoio de uma equipa de comunicação eficaz – Onde estavam os assessores de comunicação de Montenegro? A sua atuação só se fez sentir depois do descalabro, quando o Governo já estava encurralado. Uma boa estratégia deveria ter sido implementada desde o primeiro momento, garantindo que a mensagem certa chegava ao público antes que a crise se tornasse irreversível.
Comunicar é liderar
Governar não é apenas tomar decisões — é saber comunicá-las. A história recente mostra-nos que um líder sem capacidade de comunicação está condenado ao fracasso. Montenegro subestimou esse fator e perdeu o controlo da narrativa. O preço? A queda do seu Governo.
A política não perdoa o vazio comunicacional. No fim, não foi apenas a ausência de comunicação que fez cair este Governo — foi a ausência de liderança.