Vivemos num mundo cheio de ideias, estratégias, planos mensais, anuais, trimestrais e KPIs. No entanto, há algo que falta, cada vez mais: execução.
Quase todas as empresas sabem exatamente o que deveriam fazer e de que forma. Contudo, poucas conseguem fazê-lo bem e de forma consistente. É precisamente por isso que, hoje, executar bem se tornou a nova vantagem competitiva. Durante muito tempo acreditou-se que a diferenciação vinha da visão, da criatividade ou da inovação. Tudo isso continua a ser importante, mas perdeu exclusividade. A informação é abundante, as boas práticas são conhecidas e as ferramentas estão acessíveis a todos. O que realmente separa empresas bem-sucedidas das restantes não é o plano, mas a capacidade de o transformar em realidade.
Executar bem exige processos claros, responsabilidades bem definidas e uma cultura que valoriza o detalhe. Exige líderes que acompanham, que decidem e que não fogem à responsabilidade quando algo falha. E, acima de tudo, exige trabalho: árduo, contínuo e sem atalhos a meio do caminho. Um dos maiores bloqueios à execução é a confusão entre atividade e progresso. Reuniões sucedem-se, apresentações acumulam-se e relatórios circulam, criando a ilusão de movimento. Mas movimento não é avanço. Avançar implica escolher, priorizar e entregar.
Sublinhe-se a palavra “entregar”. Implica dizer não a muita coisa para fazer bem aquilo que realmente importa. A execução é também profundamente cultural. Empresas com culturas permissivas, onde tudo é negociável e os prazos são elásticos, raramente executam bem. Pelo contrário, organizações que valorizam rigor, clareza e exigência criam ambientes onde a execução acontece quase de forma natural. Há ainda um ponto essencial que nunca pode ser esquecido: toda a execução em qualquer empresa existe para criar valor para o cliente. Executar bem não é cumprir tarefas — é melhorar algo concreto que o cliente sente. Processos, decisões e prioridades só fazem sentido se se traduzirem em melhor serviço, melhor produto ou melhor experiência.
Num mercado onde muitos falam bem, planeiam bem e comunicam melhor ainda, executar bem tornou-se raro. E tudo o que é raro passa a ser valioso. Empresas que executam de forma consistente ganham confiança, constroem reputação e criam uma vantagem difícil de copiar, porque não depende de uma ideia brilhante, mas de um comportamento diário. No fim, as empresas não falham por falta de visão. Falham porque não conseguem executar aquilo que já sabem que deveria ser feito. E num mundo cada vez mais competitivo, quem executa bem não precisa de prometer muito — entrega.

