As agências de alimentos e energia atómica da ONU estão em preparações para colher os frutos de uma investigação inovadora em Astrobotânica, as sementes enviadas para o espaço em 2022 estão prontas para regressar à Terra, relata a UN News.
“Esta é a ciência que pode ter um impacto real na vida das pessoas num futuro não muito distante, ajudando-nos a cultivar colheitas mais fortes e a alimentar mais pessoas”, disse Rafael Mariano Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
Estima-se que a população mundial atinja os 10 mil milhões de pessoas até 2050, e perante esse cenário há uma evidente necessidade de encontrar soluções inovadoras por meio da ciência e tecnologia destinadas a produzir mais alimento, a produzir culturas mais resistentes e métodos agrícolas mais sustentáveis, refere a AIEA.
O céu não é o limite
A astrobotânica não é nada de novo, visto que desde 1946 que se realizam experiências semelhantes. No entanto, esta é a primeira vez que a AIEA e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) realizam análises genómicas e biológicas em sementes enviadas para o espaço em cerca de 60 anos de experiência na indução de mutação em plantas que pode ser benéfica para as pessoas e para o Planeta.
A experiência visa desenvolver novas culturas que possam adaptar-se às alterações climáticas, e que consigam ajudar a aumentar a segurança alimentar global.
Dois tipos de sementes estão agora no espaço: a arabidopsis, uma espécie de agrião que tem sido amplamente estudado por botânicos e geneticistas de plantas, e o sorgo, que pertence à família do painço e é um grão tolerante à seca e ao calor, cultivado em muitos países em desenvolvimento.
As sementes foram enviadas num vaivém de carga não tripulado da NASA a 7 de novembro de 2022. Enquanto estavam no espaço, foram expostas a uma mistura complexa de radiação cósmica, microgravidade e temperaturas extremas, dentro e fora da Estação Espacial Internacional (ISS).
Após o seu regresso no início de abril, os cientistas da Joint FAO/IAEA Center of Nuclear Techniques in Food and Agriculture preveem cultivar as sementes e examiná-las em busca de características úteis para perceberem melhor as mutações induzidas pelo espaço e identificarem novas variedades.
Mais resiliência para enfrentar as alterações climáticas
Depois de cultivadas, uma série de análises ajudará a entender a radiação cósmica e as duras condições espaciais podem fazer com que as plantações se tornem mais resistentes perante as condições de cultivo cada vez mais severas na Terra, de acordo com as agências.
“Estou muito orgulhoso da nossa parceria com a IAEA, dando frutos na Terra por anos e agora com sementes que viajaram pelo espaço”, afirma o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu.
“Estou maravilhado com a resiliência da natureza e entusiasmado com os benefícios infinitos que a exploração espacial pode trazer para transformar os nossos sistemas agroalimentares a serem mais eficientes, mais inclusivos, mais resilientes e mais sustentáveis em todo o mundo”, conclui.