Mais de metade dos cerca de 220 gestores de empresas, em representação de 35% do PIB de Portugal, afirma que as reformas da Justiça e da Administração Pública são prioritárias.
E cerca de 36% dos inquiridos perspetiva que o desempenho da economia nacional no ano de 2024, será pior que o ano anterior.
Estas são parte das conclusões do Barómetro Kaizen que parte de um estudo de opinião junto de gestores sobre a evolução da Economia e do seu negócio, desenvolvido em Portugal, de seis em seis meses, pelo Kaizen Institute.
Principais conclusões
As empresas têm vindo a lidar com desafios interligados, incluindo a transição para uma economia verde e outras pressões sociais como desigualdades e equidade de género. A digitalização e a inovação estão entre as variáveis de competitividade empresarial num cenário de transformação acelerada.
Apesar deste cenário dinâmico, a confiança dos gestores na economia nacional parece estar a melhorar desde a última edição do estudo, tendo registado uma subida para 12,19 face a outubro de 2023 (10,62).
A atração e retenção de talento (78%) e a transformação tecnológica (57%) são os principais desafios que as empresas assumem que vão enfrentar a curto-médio prazo. Ainda no contexto do tema do talento, 66% dos empresários reconhecem já ter enfrentado escassez de mão de obra qualificada devido à emigração de jovens licenciados.
No que diz respeito ao contexto económico e político nacional, e de acordo com a perspetiva de 63% dos gestores, o ano de 2024 será igual ou melhor que o anterior. Contudo, 78% dos inquiridos concordam com as previsões do Banco de Portugal de que a Economia nacional crescerá 2%.
No âmbito político, uma das medidas propostas pela AD incidiu na redução do IRC. Quando questionados sobre qual a melhor forma de utilizar este valor nas suas empresas, 61% dos inquiridos afirma que investiria em equipamentos ou tecnologia enquanto 34% optaria por aumentar salários.
Relativamente às reformas estruturais mais prioritárias em Portugal, a Justiça e a Administração Pública, recolhem o consenso com 82% e 62% dos votos, respetivamente.
No que diz respeito ao Plano de Recuperação e Resiliência e apesar da sua importância para impulsionar a recuperação económica e promover a resiliência do país, metade dos inquiridos confirma que não está a fazer investimentos no âmbito do PRR.
Sustentabilidade e a Revolução digital
Mais de metade dos inquiridos (53%) admite que as suas organizações ainda estão nas fases iniciais de exploração do potencial das tecnologias de IA. Por outro lado, apenas 7% afirma que as tecnologias de IA estão já integradas nos processos e operações core das suas organizações.
No âmbito da sustentabilidade, 66% dos empresários reconhece a necessidade de concentrar esforços na promoção da eficiência energética e na adoção de fontes de energia renovável.
Principais vetores para garantir o crescimento das empresas
Para cumprir e garantir a continuidade da trajetória de crescimento em 2024, os inquiridos afirmam que as suas maiores apostas serão no aumento de produtividade (72%), melhoria da força de vendas e da customer journey (48%) e, por fim, na Tecnologia e Inteligência Artificial (45%).
A melhoria da força de vendas e da customer experience, reflete o reconhecimento da importância de ter uma abordagem centrada no cliente e a excelência no serviço como diferenciais estratégicos. Na procura pela excelência operacional, a IA emergiu como uma força transformadora.
À medida que a tecnologia avança, espera-se que mais organizações adotem estas soluções para se manterem competitivas e alcançarem os seus objetivos estratégicos.
No ambiente empresarial competitivo, incerto e em constante evolução em que vivemos, é de suma importância que as empresas atuem estrategicamente, investindo no aumento da produtividade das suas operações, na capacitação e melhoria contínua da sua força de vendas, bem como na adoção e integração eficaz de soluções de transformação digital. Estas iniciativas não apenas impulsionam a eficiência e a eficácia dos processos internos, como também fortalecem a capacidade da empresa para satisfazer a procura do mercado atual, permitindo assim um crescimento sustentável e um posicionamento competitivo sólido no cenário empresarial
António Costa, CEO do Kaizen Institute