Nos últimos anos, tem-se falado bastante de diversidade, equidade e inclusão. Num mundo pós-pandemia, cada vez mais polarizado, com guerra na Europa e no Médio Oriente, que dominam as atenções de todos, pode pairar um sentimento de cansaço, desmotivação e as diferenças emergem mais facilmente do que os pontos que nos unem. Talvez note alguma fadiga na equipa, mais irritabilidade e impaciência. Pois bem, se chegou até aqui já foi bom.
A reflexão que lhe proponho hoje é sobre o estilo “liderança inclusiva”, que eu, pessoalmente, defendo. Para mim, esta é uma competência essencial para qualquer líder que ambicione ter uma equipa motivada, resiliente, criativa e inovadora. Calma, não lhe vou sugerir nenhum número de magia nem tampouco lhe vou dar um penso rápido. Não digo que seja fácil e não é sobre fazer uma formação, ler um artigo e está. Mas a segunda boa notícia é que se chegou até aqui também já foi bom.
Afinal quais são os princípios-chave desta “história” da liderança inclusiva?
1. Escuta Ativa
Um líder inclusivo entende a diferença entre escutar e ouvir. Escutar é sobre investir o seu tempo e colocar intenção no momento. Olhar olhos nos olhos, sem distrações. Desligue as notificações do telemóvel. Crie tempo ao longo do ano, meses, semanas e do dia, apenas para isso: escutar. Sabe aquela conversa de avaliação anual? Não é isso. Escutar prende-se com intencionalmente fazer um esforço para tentar perceber a emoção que está por detrás das palavras numa conversa. Ver para além do óbvio. Estou a falar de compreender as emoções. Isso será essencial para criar uma ligação com a pessoa que tem à sua frente. Ao fazê-lo terá um bónus: verá todo um espectro mais amplo de perspetivas e criará um ambiente em que a pessoa se vai sentir ouvida, ou seja, valorizada. Requer prática e o desenvolvimento de capacidades de inteligência emocional que com a correria do negócio, habitualmente, podem ficar para trás. Sei que (ainda) não somos amigos, mas permita-me a ousadia: escolha bem as suas prioridades, mais tarde ou mais cedo o efeito boomerang das suas escolhas voltará para si.
2. Empatia
A empatia é mais um alicerce de uma liderança inclusiva. Um líder empático faz um esforço para conhecer profundamente a sua equipa, para (tentar?) entender as suas experiências, motivações, gatilhos, sentimentos e preocupações. Uma boa dose de empatia vai lhe permitir criar ligações mais profundas e significativas com os membros da equipa. Bónus: vai fortalecer a confiança e a colaboração entre todos. Ah, e não se trata apenas de marcar ou sorrir no jantar de equipa, sim?
3. Tomada de decisão colaborativa
Sabe a democracia? Pois bem, a ideia é parecida. Incluir a equipa na tomada de decisão é outra boa ideia se quiser ser um líder inclusivo. Além de promover a transparência, permite-lhe aproveitar a diversidade de pensamento, experiências e competências da equipa. A tomada de decisão colaborativa trará inúmeras vantagens na motivação e empenho da equipa e no final vai trazer-lhe decisões mais robustas, alinhadas com a estratégia. Sim, aqui também tem bónus: quando for defender a sua decisão, a equipa estará consigo. Sabe qual vai ser a consequência? Vai reduzir o risco de desalinhamento e desconexão entre todos.
4. Reconhecimento e Valorização
Não é sobre o empregado do mês, lamento. Também não é sobre mandar um e-mail de “Parabéns”. É sobre valorizar a contribuição individual de cada membro da equipa. Isso é essencial para cultivar um ambiente inclusivo. Um líder inclusivo tem noção do que a sua equipa fez e faz questão de reconhecer o trabalho árduo, conquistas e ideias de cada membro, independente da sua posição ou background. Este ponto vai ajudar a que a equipa aprofunde o sentimento de pertença e motivação.
Só uma última nota: verdade e consistência. Não vale a pena fazer nada disto se não for verdadeiro e consistente. Online e offline. Para todos.
Fácil?