Sandra Fazenda Almeida é Diretora executiva da APDC, a Associação que se dedica à partilha e implementação de boas práticas da Transformação Digital nas empresas, bem como ao debate e reflexão dos temas emergentes para a indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação.
Num momento em que o mundo quer reerguer-se do caos, a tecnologia tem um papel na moldagem de uma nova Humanidade. Os líderes questionam o caminho e o que poderá estar certo ou errado.
Colocámos o desafio: Como pode a Tecnologia aliar-se ao ser humano, moldá-lo e torná-lo mais resiliente, versátil e criativo?
Sandra Fazenda Almeida, responde:
«O Professor Yuval Harari é conhecido pelas suas ideias sobre a evolução e futuro da humanidade. Recentemente, num evento em Lisboa, partilhou que considera que “é responsabilidade dos governos comprarem-nos tempo”, referindo-se à necessidade de criação de barreiras para a introdução de novas soluções de Inteligência Artificial no mercado.
A tecnologia, tal como a conhecemos hoje, não nos permite afirmar com uma certeza inabalável que estamos a desenvolvê-la da forma mais correta e segura pois os nossos objetivos no seu desenvolvimento podem ter utilizações futuras situadas num ‘ângulo morto’, que não vislumbramos agora.
Os recentes alertas de cientistas e investigadores, responsáveis pelo desenvolvimento da IA, vão neste sentido, de que precisamos de tempo para perceber quais são estes ‘ângulos mortos’ e que, para isso, devemos criar regulamentação que permita colocar o ser humano no centro dos desenvolvimentos tecnológicos.
A História também nos ensina que, há vários exemplos, em que a verdade do momento foi posteriormente contestada ou revista, com base em novas descobertas ou perspetivas.
Foi justamente isso que o Secretário-Geral das Nações Unidas propôs com a criação de um pacto global para gerir as tecnologias digitais, defendendo a necessidade de uma abordagem coordenada e colaborativa.
Por isso, é importante considerar que a tecnologia não é uma solução por si só, e há considerações éticas e responsáveis a serem feitas para evitar caminhos errados.
E é fundamental garantir que todos tenham igual acesso às tecnologias e às oportunidades que elas proporcionam, e que participem no seu desenvolvimento, para não aprofundarmos as desigualdades existentes»
[O testemunho foi publicado na edição n.º 22 da revista Líder.]