Depois de anos marcados pelo excesso, está a crescer o desejo por viagens e experiências mais intencionais, alinhadas com valores pessoais. A pergunta já não é ‘para onde ir de férias?’, mas sim ‘porquê viajar?’.
É esta mudança de paradigma que está na base do conceito de whycation, uma das principais tendências identificadas no Hilton 2026 Trends Report. O estudo avança que as tendências de viagens para o próximo ano passam a ser guiadas por motivações emocionais claras: descansar, reconectar, encontrar significado.
O estudo foi realizado pela Ipsos, para a cadeia de hotéis Hilton, em junho deste ano, utilizando uma amostra de mais de 14 mil adultos, de 14 países, que planeiam viajar nos próximos 12 meses.
Viajar com propósito, calma e identidade
A ascensão das whycations reflete um novo tipo de viajante, que procura tranquilidade, cultura e ligação – consigo próprio e com os outros. Seja uma escapadinha silenciosa, uma road trip nostálgica ou uma viagem inspirada por paixões pessoais, o ponto de partida é sempre o mesmo: o propósito.
Não é por acaso que 74% dos viajantes afirmam preferir reservar com marcas que conhecem e em que confiam. Num cenário global instável, conforto, consistência e familiaridade tornaram-se essenciais. Mais do que o destino, conta a forma como a viagem faz sentir.
Hushpitality: o luxo do silêncio
Entre as tendências emergentes está a chamada hushpitality, destinos e hotéis que oferecem silêncio, pausas digitais e menos estímulos. Quase metade dos viajantes admite prolongar as viagens para ter tempo a sós, enquanto mais de 27% dos viajantes em trabalho procura momentos de isolamento durante deslocações profissionais.
A tecnologia surge, paradoxalmente, como aliada do descanso: 73% valorizam check-ins digitais e soluções que simplificam a experiência, libertando tempo e energia.
O conforto de casa, longe de casa
Outra tendência clara é a procura de rotinas familiares durante a viagem. Desde refeições conhecidas a séries favoritas ou animais de estimação, os viajantes querem sentir-se em casa, mesmo longe dela. Quase 80% encontram conforto em pratos familiares e 64% dos donos de animais colocam as necessidades dos seus pets no centro da decisão.
Ao mesmo tempo, viajar tornou-se uma oportunidade para crescer: 72% querem explorar paixões pessoais e 60% admitem desligar-se durante longos períodos para viajar com outro ritmo.
Famílias reinventam as férias
As férias em família também mudaram. As crianças participam ativamente no planeamento, influenciam destinos e inspiram novas experiências. Crescem as viagens multigeracionais e as chamadas skip-gen trips, em que avós viajam sozinhos com os netos.
Mais do que consumo, as famílias procuram experiências com valor emocional, ligadas a tradições locais e às suas próprias raízes – uma tendência que reforça a viagem como legado.



