Numa lista de 151 países, Portugal coloca-se em 25º lugar, no índice de qualidade das elites, o que mostra uma recuperação, mas com desafios económicos na saúde, investimento, produtividade, habitação e ferrovia.
O ranking internacional de economia política EQx2024 (Índice de Qualidade das Elites), mede a forma como o modelo de geração de riqueza das elites é mais ou menos extrativo em termos de poder e o seu potencial de tradução em valor, penalizando ou favorecendo, respetivamente, o progresso do seu país.
O estudo desenvolvido pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) e a Universidade de Saint Gallen (Suíça), analisou 146 indicadores e concluiu que o índice da qualidade global da elite portuguesa apresentou uma melhoria significativa em 2024 (1,4 pontos em relação ao ano anterior, para 58,4 pontos) e uma subida de cinco lugares no ranking.
Subida de Portugal
A subida de Portugal no EQx2024 deve-se sobretudo ao subíndice de Poder, em que o país ascendeu à 14ª posição, refletindo em grande medida a subida de dois indicadores do pilar de inovação disruptiva, designadamente o financiamento de capital de risco e a evolução do número de bilionários.
Indicadores que podem variar numa Economia relativamente pequena como a portuguesa, «com apenas alguns bilionários e um pequeno mercado de capital de risco», conforme explica Óscar Afonso, Diretor da FEP, e um dos autores do estudo juntamente com Cláudia Ribeiro, professora, e Nuno Torres, coordenador do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP.
Por outro lado, o subíndice de Valor registou um desempenho pior face ao ano precedente, em resultado de uma queda no Valor Económico, a área do índice que tem o maior peso.
«Os indicadores relacionados com a produção e o trabalho mostraram uma tendência preocupante, evidenciando uma deterioração em vários indicadores, como os respeitantes aos custos com a saúde, o investimento direto estrangeiro e a produtividade», acrescenta Óscar Afonso.
No que se refere aos novos indicadores inseridos nesta edição, as classificações estão abaixo da média nacional (25º lugar): Portugal ocupa o 55º lugar no Índice de Acessibilidade da Habitação, o 41º lugar na Densidade da Rede Ferroviária e o 27º lugar no Índice Global de Inteligência Artificial.
De acordo com o estudo, enquanto Portugal progrediu na atenuação do potencial extrativo das elites, aferido pelo subíndice Poder, tal não impediu uma deterioração em termos de valor gerado em 2024, com origem no valor económico. Indo mais para trás, comparando com a primeira edição do índice (relativa ao ano 2020, em que a maioria dos indicadores eram reportados a 2019), verifica-se que o subíndice de Poder está acima do nível pré-pandemia, mas o subíndice de Valor ainda não atingiu esse patamar.
Isso implica que a potencial diminuição da extração por parte das elites face ao que se verificava antes da pandemia ainda não se traduziu num progresso efetivo, em prol da sociedade, em termos de valor gerado pelos modelos de negócio das elites.
Resultados internacionais
Em termos internacionais, Singapura alcançou o primeiro lugar no ranking, regressando ao topo, após ter sido ultrapassada pela Suíça no ano passado. Apesar das diferenças políticas e económicas entre estes dois países, ambos se destacam pela criação sustentável de valor, através dos modelos de negócios das respetivas elites. Os Países Baixos, Japão e Nova Zelândia completam o top cinco do ranking.
O Reino Unido ficou fora do top dez este ano, ocupando a 11ª posição, sendo que desde o Brexit tem perdido terreno nos rankings globais e falhado em atrair investimento estrangeiro.
Saiba mais aqui: www.elitequality.org