Realizaram-se há dias as concorridas eleições para a presidência do FC Porto. Todos sabemos o que aconteceu. Mas há duas ou três lições a tirar do processo. Primeira: a gratidão é um belo sentimento mas não elege líderes. Ou seja: é melhor não esperar muito do passado. Quando escolhem um líder as pessoas olham para o futuro. Não quer dizer que esqueçam o passado, como prova a ovação aos 42 minutos de jogo com o Sporting, os mesmos anos de JN Pinto da Costa na presidência. A gratidão, todavia, não releva, na hora da escolha – Churchill que o diga…
Segundo ponto, as lideranças muito prolongadas desenvolvem a húbris, a doença dos poderosos. Os líderes acham-se intocáveis. Acreditam que as regras são para os outros. Autoatribuem-se direitos especiais. Rodeiam-se imitadores sem categoria. Não compreendem que foram infetadas pelo vírus hubrístico. Ninguém lhes diz que o rei vai nu. Os líderes habitam uma bolha mas convém que saiam dessa bolha de vez em quando.
Finalmente, é muito difícil decidir qual o momento certo de sair. Por isso, mais importante que os bons líderes é a boa governança. As boas regras institucionais amarram os pés dos líderes à terra. No futebol como nas empresas, nomeadamente as familiares, ter boas regras é uma boa regra. As boas regras impõem limites. São como que mecanismos contra o canto das sereias. Porque o poder, essa substância inflamável, tende a ser viciante. Raros são os que o largam por quererem. Como se voltou a ver.