A quase totalidade da população portuguesa (94%), entre os 18 e os 65 anos, tem um smartphone, e cerca de 87% tem acesso a um computador portátil. No entanto, cerca de metade preferia passar menos tempo em frente aos ecrãs, e afirma ficar acordada até mais tarde por conta dos dispositivos (52%).
Estes são os dados na análise “Digital Consumer Trends 2022”, elaborada pela Deloitte, que entrevistou 36 mil consumidores, mil dos quais portugueses, provenientes de 21 países em quatro continentes.
As interações sociais a partir dos dispositivos móveis ficam também patentes, com 78% dos portugueses a afirmar utilizar diariamente redes sociais e serviços de mensagens. O estudo conclui que 80% dos entrevistados têm pelo menos um dispositivo ligado à internet em casa. Os mais comuns são as smart TVs (58%), as consolas de jogos (39%) e os dispositivos de streaming de vídeo que se conectam à TV (24%).
Monitorização da atividade física e valorização da internet de alta velocidade
A análise revela que 72% das pessoas com smartphones ou wearables monitorizam pelo menos uma atividade nos seus dispositivos. O número de passos é a mais comum entre os portugueses (56%), seguido da frequência cardíaca (40%) e do tipo ou quantidade de exercício (35%). Neste campo, os consumidores mais jovens são mais propensos a fazê-lo: 81% dos portugueses dos 18 aos 34 anos monitorizam atividades de saúde nos seus dispositivos.
Relativamente ao 5G, disponível em Portugal desde o ano passado, uma minoria dos consumidores (16%) utiliza a tecnologia com regularidade, mas, entre estes, 34% admitem não conseguir distinguir o 5G da anterior rede 4G. Ainda assim, 66% dos portugueses que não ainda não tira partido do 5G de forma regular acredita que teriam melhor conectividade de rede se mudassem de 4G para 5G, mas apenas 30% dos utilizadores de smartphones dizem que mudariam de operadora com base na cobertura 5G.
No streaming de vídeo, popularizado durante o período pandémico, a Netflix é o serviço que mais atrai os portugueses (53%), à frente da Amazon Prime e do Disney+. No geral, 64% têm acesso a pelo menos uma Subscrição de Video On Demand (SVOD), no entanto, 12% dos consumidores cancelaram um serviço de streaming de vídeo nos últimos 12 meses. O principal fator foi a necessidade de canalizar esse custo para outros gastos para fazer face à subida de preços (24%).
Por fim, o estudo conclui que os portugueses estão divididos em relação ao metaverso: 32% sabe pelo menos uma coisa sobre o metaverso, mas uma proporção quase idêntica (33%) nunca ouviu falar desta dimensão.
Estamos a atingir um plateau na utilização dos dispositivos: depois do crescimento acentuado no período da pandemia, a adoção de novos dispositivos abrandou. Poderíamos argumentar que isso se deve ao facto da maioria dos portugueses já terem telemóveis ou acesso a portáteis, mas a verdade é que a sua utilização caiu; a reforçar esta tendência a existência de uma vontade crescente de desligar os dispositivos e passar menos tempo em frente a um ecrã, sobretudo nas gerações mais novas. Não confundir, no entanto, estes dados com o impacto cada vez maior da tecnologia e do mundo virtual nas nossas vidas, e do potencial existente em inovações como o Metaverso ou os NTF’s
Francisco Cal, Associate Partner da Deloitte