Faleceu este maio Joseph Nye (n.1937). Professor na Universidade de Harvard, ganhou fama graças à distinção que propôs entre a projeção de poder por via hard (dura, coerciva) e soft (macia, por via da atração). Começou por usar o conceito para explicar as relações internacionais mas também o aplicou às organizações. Propôs que o ideal seria a combinação de poder duro e macio: smart power.
Explicou que o poder duro se tornou menos atraente e que as sociedades procuram influência macia, a qual decorre das instituições da democracia, do progresso baseado no respeito pelos direitos dos cidadãos, da governação competente pelo povo e para o povo. Defendeu que o poder macio emana, em forte medida, da sociedade civil.
Nye é ele próprio um exemplo de soft power: um intelectual público que prestigiou a sua universidade e o seu país. Como ele escreve num curto artigo publicado no número mais recente da revista Monocle, o presidente Trump não percebe o poder do poder soft. Mas sejamos claros: como diz a Monocle, o soft power não é para softies. Precisa de ser acompanhado pelo poder duro. Porque se este mundo tem pombas também tem falcões -apesar das afirmações demagógicas de alguns coletivos que afirmam querer um mundo sem armas, sendo óbvio que há países que pouco mais têm que armas.