O aeroporto de Lisboa está a tornar-se um embaraço. Cá dentro por se tratar, desde o Alqueva, da mais cabal demonstração de como os interesses e as tricas se tornam fonte de procrastinação. A referência do primeiro-ministro ao tema durante a apresentação à sociedade do novo supercomputador da Universidade do Minho, foi reveladora. A decisão de construir um aeroporto é necessariamente complexa mas tivemos tempo de sobra para a tomar várias vezes nas últimas décadas. O custo para a imagem dos (não)decisores políticos é elevado.
Para fora, a situação não é melhor. Sábado, 2 deste mês, voando de Amesterdão, com o voo (KLM) pronto para descolar a horas, o comandante informou os passageiros de que havia que esperar meia hora. Motivo: o aeroporto de Lisboa, que não acomoda mais de 20 voos por hora. A reação dos passageiros não foi espetacular. Para um português foi desconfortável mas não inesperado – estas esperas tornaram-se normais.
O aeroporto é o exemplo de um país que perde muito tempo a discutir temas que nada interessam e que se dedica pouco a construir o futuro. Já aqui o disse: a nossa perícia em empurrar com a barriga (na educação, na saúde, nas infraestruturas, na justiça), combinada com um certo tribalismo político que inibe a busca de consensos, é um mal maior da nossa sociedade. O país da não inscrição de que falou José Gil continua forte e firme. Não sai é do sítio.