Como se aproximam as férias e dado o período eleitoral em curso, resolvo não falar de nada remotamente relacionado com a política; agarrando a deixa de um artigo de Miguel Sousa Tavares, falo sobre Espanha. Dizia MST, entre outras coisas, que Espanha é um bom vizinho. Concordo e faço aqui o elogio da sorte que temos em sermos vizinhos de Espanha.
Quanto mais conhecemos Espanha mais gostamos de quem nos calhou viver aqui ao lado. A Espanha tem tudo: belas paisagens, cidades espetaculares, boa comida, uma vida de rua que nos devia fazer corar de vergonha, cultura, desporto. Enfim, tem em grande o que nós temos mais modestamente. Tem Cervantes, Montalban, Almodovar, os pintores, Paco de Lucia e o flamenco, Rosalía. E tem os Sketches of Spain, de Miles Davis. Contém, a norte, a língua de onde nasceu, creio, a nossa língua. E tem empresas grandes, comboios de alta velocidade, aeroportos como deve ser. Não gosto mais de Espanha que de Portugal, mas isso deve ser por ser português.
Por isso, quem ainda não conhece, poderá aproveitar esta primavera-início de Verão para descobrir, por exemplo, a Andaluzia: Ronda, Sevilha, Carmona, Setenil, Granada. Ou se não der para mais, Ayamonte – onde, aqui lavro o meu protesto ao “alcalde”, um belo restaurante de tapeo no centro da cidade deu agora lugar a um kebab. Nada contra kebabs mas ali não, por favor. Vão antes ao Margallo, que conheci com o Miguel Esteves Cardoso: peixinho frito de primeira. E como terminaria este texto se ele fosse uma redação? Dizendo que “Eu gosto muito de Espanha”. Está dito.