Depois de uns dias fora do país, regressa-se a Portugal e eis os assuntos que parecem tomar conta da ordem dos dias:
- O beijo de Rubiales, uma autêntica telenovela. Que se tratou de um comportamento errado, parece óbvio. Já a magnitude que o caso tomou parece menos óbvia.
- O comentário presidencial sobre o decote. Como estive fora posso ter perdido algo mas, mais uma vez, não será um comentário infeliz apenas um comentário infeliz?
- A estátua de Camilo. Se o tema é estético, haverá muito por onde começar. O que não falta no nosso país são estátuas horríveis. Se é moral, não há paciência.
- O comentário de Carlos Xavier sobre Taremi, que foi lido como um quase convite ao choque de civilizações. Beneficiou-se o infrator, já que a conversa era futebolística. Ironicamente, a extra-sensibilidade provem dos mesmos que têm o hábito de chamar aos outros “mouros”, como bem lembrou o presidente do Sporting.
Vejamos: a atenção é um recurso escasso. Aliás na estratégia há um campo de investigação sobre o tema. Se andamos a dedicar a atenção a estas questões, não estamos a dedicá-la a outros. Fica a questão: por que dedicamos tanto tempo de antena a estas coisas? É evidente que os novos defensores da moralidade pública, os ‘eleitos’ de que fala Ian Buruma, encontrarão razões para que estes sejam OS temas a debater. Essa é, aliás, a sua religião, alvo de mais um tiro editorial certeiro da Guerra e Paz: A Religião Woke, de Jean-François Braunstein, professor na Sorbonne. Francamente, é isto que queremos mesmo discutir? A quem interessa que se perca tanto tempo com estas irrelevâncias?