O conceito de conhecimento é várias vezes confundido com o de informação, bem como com o de dados. Encontramos na literatura referências que nos permitem distinguir o conhecimento daquilo que não é conhecimento. Alguns autores argumentam que as informações são dados e o conhecimento é o que permite às pessoas saber o significado da informação (Van der Speck & Spijkervert, 1999). Outros, afirmam que a informação pode não ter significado relevante ou qualquer propósito, e que só é conhecimento se se puder interpretar e se se tornar valiosa na tomada de decisões (Davenport & Prusak, 1998). Por outro lado, a informação pode consistir em dados ou fluxos de mensagens que estão organizadas para descrever uma condição ou situação especial, enquanto o conhecimento consiste, em conceitos, crenças, perspetivas, juízos, metodologias e know-how que foram processados previamente pelas pessoas (Wiig, 1997).
Afinal, a título de exemplo – de forma a “visualizarmos” melhor a diferença entre estes três conceitos – o que são dados, informação e conhecimento?
Visando ilustrar e destacar estes três diferentes conceitos – dados, informação e conhecimento – Milton (2005), no seu livro Knowledge Management for Teams and Projects, dá-nos um exemplo que permite verificar e distinguir a ligação entre os mesmos.
Imaginemos que temos de tomar uma decisão numa companhia de exploração mineralógica. Essa companhia paga a um mineralogista, para retirar amostras de uma área montanhosa do país. Esses dados são posteriormente inseridos num banco de dados. Para que esses dados possam ser interpretados, é necessário que sejam apresentados de uma forma que seja significativa. A companhia usa para isso um sistema de informação geográfico para apresentar os dados em forma de mapa. O mapa de contorno dos dados mineralógicos representa a informação, mostrando o padrão de oportunidades de mineralogia em toda a cadeia de montanhas. No entanto, este mapa necessita de ser interpretado. A informação disponível no mapa é inútil para um leigo, mas para o olhar experiente de um geólogo não. Aplicando a sua experiência e usando alguma teoria, permite-lhe tomar decisões. Essas decisões tanto podem implicar através da amostra recolhida, a abertura ou não de uma mina. O geólogo possui o “know-how” – pois sabe interpretar os dados. Pode utilizar o conhecimento para retirar informação (apresentada/representada no mapa), e decidir que tipo de ação há de tomar. O know how é desenvolvido através da sua formação académica, anos de experiência, aquisição de modelos de trabalho e de modelos heurísticos, conferências e conversas de bar com colegas geólogos, por exemplo.
Referências:
Davenport, T., & Prusak, L. (1998). Working Knowledge: How Organizations manage what they know. Cambridge, MA: Harvard Business School Press.
Milton, N. (2005). Knowledge Management for Teams and Projects. Oxford, Chandos Publishing.
Van der Speck, R., & Spijkervet, A. (1999). Knowledge Management: Dealing Intelligently with Knowledge. Kenniscentrum CIBIT.
Wiig, K. (1997). Knowledge Management: Where did it come from and where will it go? Expert Systems with applications, 13(1), 1-14.
Por Ana Pinto, Professora Universitária