A Liderança que irá orientar a caminhada pelo séc. XXI tem de ser muito diferente. Tem de ser diametralmente oposta à que caracterizou os anos 80 e 90 do século passado, e tem de ser um upgrade considerável daquilo que temos visto desenvolver-se desde o ano 2000.
O ser humano tem de ser, incontornavelmente, o centro de tudo, e por isso a abordagem a fazer ao modo como lideramos tem de ser holística. Pensar os negócios, como uma tradução direta para números, é um erro crasso. Claro que os negócios têm de ser rentáveis, que as empresas têm de dar lucro e que a economia de mercado pela qual nos regemos tem as suas bases em rentabilidade, margem, EBITA, OPEX, etc.
No entanto… As empresas são formadas por pessoas, os clientes são pessoas, os negócios são conduzidos por pessoas, os trabalhadores, acionistas, investidores, são pessoas.
Todos eles, com as características inerentes à sua condição humana: com receios, alegrias, família, amigos, paixões, sentimentos, convicções, crenças, fragilidades, consciência, sensibilidade. Com tudo aquilo que (n)os fortalece e que (n)os fragiliza. Com tudo o que dá coragem e assusta. Com as nossas emoções, que originam a forma como nos comportamos e o reflexo que tudo isso tem no que nos rodeia, na sociedade como um todo.
As pessoas procuram cada vez mais um propósito e o significado das coisas assume cada vez mais relevância. Como é que chegámos ao ano 2023 com o progresso tecnológico das idas a Marte, do ChatGPT, da evolução da medicina, das preocupações com sustentabilidade e com o futuro do nosso Planeta, mas, ao mesmo tempo temos, em todo o mundo e naquilo que consideramos os países do “1.º mundo” (quão pouco inclusiva é esta designação!), famílias que vivem em casas sem condições de salubridade, pessoas que vivem na rua sem um teto, idosos que sobrevivem sem meios materiais para assegurar um final de vida tranquilo, digno e saudável… jovens assolados por problemas de saúde mental, insucesso escolar, falta de capacidade de integração…!!
Como é que aqui chegámos? Como é que estes opostos diametrais coexistem? Mas, muito mais importante: como é que fechamos o diferencial? Que líderes de empresa, de sociedade, de pensamento precisamos? A nível das famílias, que exemplos têm de ser passados? Ao nível da mais básica escolaridade, o que é que tem de ser definido?
Uma mistura muito rara e difícil de firmeza e doçura; de rigor e humanidade; de exigência e compreensão; de retidão e tolerância; de aceitação da diferença e de cumprimento da norma; de gestão exímia da regra e da exceção; de espiritualidade e de factualidade; de bom senso e de sensibilidade… Sem esquecer que é a nossa humanidade que nos diferencia de tudo o resto. Sem ela, somos apenas algoritmos!
Este artigo foi publicado na edição de primavera da revista Líder.
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