O mundo está apocalíptico e a eco-ansiedade tomou conta de muitos. Multiplicam-se avisos milenares. O planeta está a arder. As águas vão engolir as terras. As espécies vão ser extintas. Tudo isto vai possivelmente ser verdade. É tudo uma questão de tempo.
Vamos por partes. É evidente que importa levar a ciência e o antropocénico muito a sério. É igualmente evidente que é importante aprofundar a descarbonização. É evidente que é necessário encontrar novas soluções para velhos problemas. Ninguém sabe como estes desafios vão ser resolvidos mas se forem sê-lo-ão com as empresas, não contra elas – ao contrário da convicção dos ativistas eco-anticapitalistas, que preferem ignorar os desastres ambientais de “sociedades alternativas”. E importa que as empresas levem estas questões a sério por cálculo ou por convicção. Muitas estão a fazê-lo até porque os seus donos também não têm outro planeta para onde ir.
Importa é que mantenhamos uma atitude determinada mas humilde: sabemos pouco e não dominamos o planeta. Acabei de ler um livro maravilhoso, Mundos Perdidos, de Thomas Halliday (Desassossego). Trata-se de uma viagem no tempo, cá está, através de mundos que já não existem. Consegue imaginar uma floresta silenciosa porque as aves ainda não existem? O livro é uma lição sobre a força do planeta. A nossa humana pequenez é assustadora. A escala temporal é incompreensível. O que retiro do livro não é um niilista baixar dos braços mas antes a necessidade de respeitar a natureza, proteger o que pudermos e não entrarmos nos excessos moralistas dos “eleitos” (volto a recorrer a Buruma) do clima. A força da natureza é inescapável; ela manda em nós e não o contrário. Por isso importa respeitá-la com a convicção de que ninguém a compreende realmente. Esta humildade pode ajudar ao debate, demasiado acirrado ultimamente e fanatizado pela tribo dos ativistas que, de tanto quererem fazer, ainda acabam por, como dizem os ingleses, deitar fora o bebé com a água do banho.