O mais recente relatório semestral da Comissão Europeia “2022 Country Report”, divulgado esta semana, refere uma recuperarão positiva da economia portuguesa mesmo após esta ter sido “duramente atingida pela pandemia”, com uma projeção de o crescimento de 5,8% em 2022.
O sólido ritmo de crescimento, antes da crise pela COVID-19, foi afetado pela grande exposição do País ao turismo (13% emprego em 2019), com uma contração do PIB de 8,4% em 2020. Contudo, a economia portuguesa cresceu 4,9% em 2021, recuperando mais da metade do nível de produção perdido em 2020. O levantamento de restrições, as altas taxas de vacinação e a recuperação projetada na exportação de serviços liderados pelo setor do turismo, contribuíram fortemente para as estimativas de crescimento. Estima-se que o PIB tenha atingido níveis pré-pandemia no primeiro trimestre de 2022. A inflação subiu para 0,9% em 2021 e deverá aumentar para 4,4% em 2022, entre uma volatilidade significativa nos mercados de commodities afetados pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
No mercado do trabalho, mostrou-se resiliência, mas o desemprego nas camadas mais jovens continua elevado. A maioria dos indicadores recuperaram para níveis pré-pandemia e o desemprego caiu para 6,6% em 2021. O emprego e as taxas de atividade recuperaram para máximos históricos, suportados pelas iniciativas de apoio ao trabalho, incluindo a assistência financeira ao abrigo do programa SURE da União Europeia (Support to mitigate Unemployment Risks in an Emergency). Com a eliminação progressiva dos instrumentos de apoio, prevê-se que o emprego cresça a um ritmo mais lento do que o PIB 2022 e 2023. Os jovens em trabalho precário foram os mais severamente atingidos pela Pandemia. A taxa de desemprego nos jovens, já acima da média da UE antes da crise, atingiu um pico de 26,1% no terceiro trimestre de 2020 e permaneceu acima de 20% em 2021, com níveis particularmente elevados nos Açores e Madeira.
Quanto às disparidades regionais, o relatório afirma que elas persistem. O índice do PIB por habitante caiu de 76%, em relação à média da UE em 2020, para 74% em 2021, sendo Lisboa a única região do País próxima da média europeia. Portugal continua a enfrentar desafios para alcançar um maior nível de coesão inter e intra-regional. A região da capital concentra atividades de alto valor agregado e serviços públicos, persistindo fortes disparidades entre Lisboa e o resto do país.